Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo recuavam nesta terça-feira, após a divulgação dos números de inflação nos EUA, que ficaram acima das expectativas, impulsionando o dólar e aumentando os temores de elevações mais agressivas de juros no país, o que poderia prejudicar a atividade econômica.
Às 11h15 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano cedia 0,06%, a US$ 87,75 por barril, enquanto o petróleo Brent se desvalorizava 0,46%, a US$ 93,60 por barril, no mercado futuro.
O contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA apresentava alta de 1,03%, a US$ 2,4794 por galão.
A perspectiva estrutural do mercado petrolífero ainda é de restrição, sobretudo com o prolongamento da guerra na Ucrânia e com a disposição das potências ocidentais em punir a Rússia por seu papel no conflito, limitando a oferta de petróleo e gás.
No entanto, o petróleo já perdeu cerca de um terço do seu valor desde o pico do início de março, tocado após a invasão da Rússia na Ucrânia e o aumento dos temores de um agressivo aperto monetário por parte de diversos bancos centrais, com destaque para o Federal Reserve dos EUA, no intuito de combater a disparada da inflação, o que poderia provocar uma recessão, bem como uma destruição significativa da demanda.
O último relatório de inflação nos EUA elevou esses temores, pois mostrou um número mais forte do que o esperado em agosto, pavimentando o caminho para mais um grande aumento de juros pelo Federal Reserve na semana que vem, quando ocorre sua próxima reunião de política monetária.
O índice de preços ao consumidor (IPC) nos EUA subiu 0,1% em agosto, uma alta de 8,3% em relação a um ano antes, enquanto o núcleo do IPC saltou 0,6%, duas vezes o esperado, fazendo com que a inflação básica anual alcançasse 6,3%, contra 5,9% até julho. Esse é o maior patamar desde março.
Com isso, o dólar ganhou força, valorizando-se mais de um centavo em relação ao euro, o que fez com que o petróleo instantaneamente ficasse mais caro para compradores estrangeiros, já que a commodity é denominada em dólares.
As preocupações com a perspectiva econômica na Europa se intensificaram mais cedo na terça-feira, na medida em que o índice de sentimento econômico ZEW da Alemanha mais uma fez despencou para o seu menor patamar desde 2008.
O que também pesava sobre a perspectiva da commodity era situação da Covid na China, maior país importador de petróleo do planeta, haja vista que as autoridades locais parecem ser incapazes de controlar o vírus, decretando bloqueios sanitários em diversas cidades. Isso está limitando as viagens antes da “Semana Dourada” na China, um feriado prolongado que começa em outubro.
O Morgan Stanley (NYSE:MS) cortou a perspectiva de preços para o terceiro trimestre em US$ 12 por barril, para US$ 98, e, para o quarto trimestre, em US$ 5, para US$ 95, enquanto o UBS reduziu em US$ 15 sua projeção para o barril de Brent no fim do ano, para US$ 110.
Além do relatório de inflação nos EUA, os operadores também ficarão de olho na publicação do relatório mensal da Opep, em busca de indicativos de como o cartel enxerga a perspectiva de demanda, enquanto o Instituto Americano do Petróleo deve divulgar os dados de estoques do produto no país referentes à semana passada.