Investing.com – O petróleo recuava na quarta-feira, 17, pressionado pelo dólar forte e pela incerteza sobre os juros nos EUA, enquanto o crescimento abaixo do esperado da China, o maior importador mundial do produto, também abalou o mercado.
No entanto, as perdas da commodity foram limitadas pelas preocupações com a oferta no Oriente Médio, diante do aumento da tensão militar na região.
A China registrou um crescimento econômico modesto no quarto trimestre, em meio à lenta recuperação pós-covid do país.
Apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) ter superado a meta de 5% do governo para 2023, a expansão foi influenciada pela base de comparação baixa de 2022, quando a economia avançou cerca de 3%.
Os dados de quarta-feira indicaram uma perspectiva fraca para a economia chinesa em 2024, o que deve reduzir a demanda por petróleo nos próximos meses. As importações chinesas de petróleo bateram recordes em 2023, mas o ritmo de crescimento diminuiu no final do ano, em função dos elevados estoques.
Os contratos futuros do petróleo Brent para março caíam 1,70%, para US$ 76,96 o barril, enquanto os do petróleo West Texas Intermediate (WTI), referência nos EUA, recuava 2,01%, para US$ 71,06 o barril, às 9h55 de Brasília.
Dólar forte afeta petróleo em meio à dúvida sobre corte de juros
O dólar também pesou sobre o petróleo, ao atingir o maior nível em um mês, depois que dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) sinalizaram que a instituição não deve reduzir os juros tão cedo.
O diretor do Fed, Christopher Waller, disse que o banco não tem pressa de cortar os juros, já que a economia dos EUA continua relativamente forte no curto prazo.
Um dólar mais valorizado prejudica o petróleo, ao encarecer a commodity para os compradores internacionais. A expectativa de juros mais altos por mais tempo também implica uma menor demanda por petróleo, já que a atividade econômica tende a desacelerar em um cenário de juros altos.
O mercado agora aguarda os dados de vendas no varejo e produção industrial dos EUA, previstos para mais tarde no dia, para obter mais sinais sobre a maior economia do mundo.
Conflito no Oriente Médio sustenta preços do petróleo
Apesar da queda da demanda global, o petróleo bruto evitou perdas maiores devido ao risco de interrupções no fornecimento na região do Oriente Médio, palco de intensos confrontos militares.
EUA e Reino Unido confirmaram um novo ataque contra os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã, no mar Vermelho, onde o grupo iemenita ameaçou atacar navios. A ação dos houthis foi motivada pela guerra entre Israel e Hamas, que também se agravou nos últimos dias.
As tensões no mar Vermelho fizeram com que vários transportadores desviassem da rota e contornassem o cabo da Boa Esperança, o que deve atrasar as entregas de petróleo para a Europa e a Ásia.
O conflito no Oriente Médio foi um fator de sustentação para os preços do petróleo nos últimos dois meses, pois os investidores esperavam um aperto nos mercados europeu e asiático devido às interrupções.
No entanto, os investidores agora queriam ver evidências mais concretas de que o conflito estava afetando os suprimentos, já que os EUA e alguns membros da Opep aumentaram a produção em dezembro.
Os preços do petróleo recuaram cerca de 10% em 2023, pois as dúvidas sobre a demanda pesaram mais do que as possíveis reduções nos suprimentos. Os cortes de produção da Opep não convenceram os mercados, pois os suprimentos de petróleo devem ser menos escassos do que o previsto no início de 2024, a menos que haja mais interrupções no Oriente Médio.
A demanda por combustíveis nos EUA também mostrou sinais de enfraquecimento, com os estoques de gasolina e destilados aumentando fortemente nas últimas duas semanas.
Os dados semanais de estoque dos EUA serão divulgados na quarta e na quinta-feira.