Por Geoffrey Smith
Investing.com -- Os preços do petróleo seguiram em alta na quinta-feira depois da aparente desistência do governo alemão de se opor a um embargo ao petróleo russo, abrindo caminho para um boicote total da UE aos combustíveis líquidos exportados pela Rússia.
Às 13h11, os futuros do petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preços nos EUA, subiam 2,14%, a US$ 104,20 por barril, enquanto os futuros do Brent, cotado em Londres e referência mundial de preços, apresentavam alta de 1,49%, a US$ 106,51 por barril. Os dois blends ganharam cerca de US$ 1,50 em resposta imediata à notícia da Alemanha, sendo negociados praticamente em estabilidade no dia antes da divulgação.
Os futuros da gasolina dos EUA registravam alta de 1,92%, a US$ 3,4790 por galão, ainda encontrando bom apoio nos números oficiais de quarta-feira mostrando que os estoques de petróleo e combustíveis estão bem abaixo de seus níveis sazonais médios.
A notícia, publicada pelo Wall Street Journal, chega um dia depois de os governos da Alemanha e da Polônia terem assinado um acordo para o abastecimento, ao menos parcial, das refinarias localizadas no leste da Alemanha com petróleo importado a partir do terminal polonês em Gdansk, no mar Báltico. O petróleo poderia ser direcionado para uma linha auxiliar do oleoduto de Druzhba, que serve como a principal artéria do petróleo russo para a Europa Central.
A Alemanha dependia da Rússia por cerca de um terço do seu petróleo à época em que o Kremlin ordenou a invasão da Ucrânia, no final de fevereiro. O Ministro da Economia alemão, Robert Habeck, disse numa declaração em vídeo que essa dependência iria cair para pouco mais de 10% como consequência do acordo com a Polônia.
Para os mercados globais, a importância é dupla: A Alemanha era o maior obstáculo à adesão da UE ao boicote dos EUA e do Reino Unido aos combustíveis líquidos. Isto significa que a Europa precisa substituir mais de 2 milhões de barris de petróleo e derivados por dia, a partir de outros países. Isso irá forçar a alta dos preços globais, porque a Rússia não é capaz de redirecionar toda a produção que deixará de poder vender para a Europa. Com seus tanques de armazenamento cheios e os oleodutos congestionados, o país será forçado a cortar a produção.
O problema é particularmente grave no que se refere ao diesel, onde a Rússia mantinha uma posição dominante no mercado europeu antes da guerra. Os dados da Rússia revelam que as exportações de diesel só a partir do porto de Primorsk devem cair mais de 30% em maio.
A corrida por substitutos que não sejam de origem russa deve levar a um aumento na diferença entre os preços do diesel e da gasolina nos EUA em até US$ 1 por galão nos próximos dias, de acordo com Patrick De Haan, analista da GasBuddy.