Por Barani Krishnan
Investing.com - Os preços do petróleo subiram 4% na sua retomada mais forte desde o início dos temores com a variante ômicron, enquanto os longs voltaram ao mercado ao verem menos manchetes negativas sobre a variante na segunda-feira.
Os ânimos também foram reforçados pela iniciativa da Arábia Saudita de aumentar o PSO, ou o Preço Oficial de Venda, do seu petróleo bruto com destino aos EUA e Ásia a partir de janeiro, com novos indícios de que a OPEP e seus aliados poderão voltar a fazer cortes na produção.
O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preço nos EUA, apresentava alta de US$ 2,68, ou 4%, a US$ 68,94 por barril às 15:30h. O WTI atingiu o menor valor em quatro meses na semana passada, a US$ 62,48, após alcançar a máxima em sete anos de US$ 85,41 em meados de outubro.
O Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, subiu US$ 2,64, ou 3,8%, para US$ 72,52. O Brent caiu para US$ 65,80 na semana passada, em relação a uma máxima desde 2014 de US$ 86,70 em meados de outubro.
Embora houvesse fortes compras entre os investidores, que tiveram um senso de barganhas em relação às mínimas da semana passada, alguns analistas alertaram para o fato de que o ímpeto ascendente pode se reverter a qualquer momento, caso novos alertas sobre a ômicron penetrassem de volta nos mercados.
"Em última análise, a coisa mais otimista para os preços é que a ômicron é aparentemente menos grave e, se mais boas notícias como essa se seguirem, podemos todos relaxar um pouco e os riscos negativos para a economia irão diminuir", disse Craig Erlam, analista da plataforma de negociação online OANDA.
Mas ele também disse que era "muito cedo para se deixar levar" pelo indulto do vírus.
"Vimos isto repetidamente desde que as primeiras notícias surgiram pouco mais de uma semana atrás. Os mercados têm sido muito guiados pelas manchetes e este é apenas o último rali em função de algumas notícias positivas".
"Se não vierem boas notícias na sequência, a OPEP+ voltará a restringir a produção e dar suporte aos preços dessa forma. A questão é quanto as mínimas serão testadas no meio tempo, se é que serão testadas. A determinação dos produtores já foi testada antes em diversas ocasiões".
O Secretário-Geral da OPEP, Mohammad Barkindo, disse no sábado que os produtores de petróleo poderiam voltar a reduzir a produção se não conseguirem estancar a hemorragia dos preços da commodity das últimas seis semanas.
"Continuaremos a fazer o que sabemos fazer melhor para garantir que iremos atingir a estabilidade no mercado de petróleo numa base sustentável", disse Barkindo durante um evento do setor no sábado.
Trocando em miúdos, isso quer dizer que os 400.000 barris diários adicionais que a OPEP e seus aliados haviam se comprometido a produzir desde julho provavelmente serão esquecidos se a demanda global e os preços do petróleo bruto se mantiverem anêmicos quando janeiro chegar.
A OPEP e seus aliados, sob o manto da OPEP+, continuam represando cerca de 5 milhões de barris de oferta diária regular do mercado, como parte dos cortes de produção efetuados no auge das quedas de preços em função da Covid-19. A aliança tem indicado repetidamente que não tem problema algum em ampliar esses cortes.
Os cortes na produção e os aumentos do PSO por parte da Arábia Saudita, líder da OPEP+, têm sido duas medidas comprovadas para elevar os preços do petróleo.
O petróleo bruto saudita "grau leve árabe" para clientes asiáticos terá um adicional de US$ 3,30 por barril sobre um valor de referência a partir de janeiro, US$ 0,60 a mais que em dezembro, afirmou a Aramco (SE:2222), empresa petroleira estatal do reino saudita, na segunda-feira. A Aramco também aumentou em US$ 0,80 os preços gerais do seu petróleo de janeiro para a Ásia e a América.