Preços do petróleo aprofundam queda com aumento de produção da Opep+

Publicado 03.04.2025, 22:49
© Reuters

Investing.com — Os preços do petróleo ampliavam as perdas nas negociações asiáticas desta sexta-feira, após caírem mais de 6% na sessão anterior. O movimento refletia a combinação entre o anúncio da Opep+ de acelerar o aumento da produção e a deterioração do sentimento de mercado em função das amplas tarifas comerciais impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Às 8h20 de Brasília, os contratos futuros do petróleo Brent para junho recuavam 7,50%, cotados a US$ 64,76 por barril, enquanto os contratos do WTI perdiam 8,27%, a US$ 61,39 por barril. Ambos os benchmarks já haviam recuado mais de 6% na quinta-feira.

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Aumento de produção da Opep+ eleva preocupações com excesso de oferta

Oito integrantes da Opep+, grupo que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados liderados pela Rússia, informaram na quinta-feira que irão acelerar os planos de aumento da produção.

O cartel decidiu elevar a oferta em 411 mil barris por dia, ritmo superior ao estipulado anteriormente. A medida responde à crescente pressão de países consumidores — como os Estados Unidos — para aliviar os preços dos combustíveis e reduzir pressões inflacionárias.

O recuo acentuado nos preços do petróleo reflete o temor de que o aumento da oferta ultrapasse a capacidade de absorção da demanda, especialmente em um cenário ainda marcado por incertezas econômicas.

Fatores como taxas de juros elevadas, desaceleração do crescimento global e recuperação irregular da economia chinesa levantam dúvidas sobre a sustentação do consumo em meio à expansão da produção.

Operadores de mercado também demonstram cautela diante da possibilidade de uma retração econômica em grandes economias, o que poderia comprimir ainda mais o consumo global de petróleo e pressionar negativamente os preços.

Tarifas de Trump intensificam temores de recessão; atenção aos dados de emprego dos EUA

O anúncio mais recente do presidente Donald Trump sobre a aplicação de tarifas generalizadas influenciou diretamente o mercado de petróleo, provocando uma queda de mais de 6% — a mais forte em três anos.

A tarifa universal de 10% sobre todos os bens importados, combinada a taxas mais elevadas para países específicos — como os 54% aplicados sobre importações da China — aumentou os receios de uma recessão econômica global, com potenciais impactos sobre a atividade industrial e o consumo.

A imposição de tarifas pesadas sobre a China, importante importadora de petróleo, gera apreensão adicional. Dada a relevância chinesa no mercado global de energia, espera-se que essas medidas tarifárias reduzam substancialmente as importações do país.

Além disso, o cenário de retaliações comerciais e tensões entre países amplia os riscos de interrupções nas cadeias globais de suprimento, dificultando a expansão econômica e pressionando ainda mais a perspectiva para a demanda por petróleo.

No curto prazo, investidores voltam as atenções para o relatório de emprego dos EUA, que será divulgado nesta sexta-feira, e para um discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em busca de sinalizações sobre os rumos da economia americana e da política monetária.

Goldman Sachs reduz projeções de preço

O Goldman Sachs (NYSE:GS) revisou para baixo suas projeções para os preços do petróleo, em meio à elevação das tarifas comerciais e ao aumento da oferta pelos países da Opep+.

A instituição agora projeta que o petróleo Brent e o WTI deverão apresentar média de US$ 69 e US$ 66 por barril, respectivamente, em 2025. Para 2026, a previsão média é de US$ 62 para o Brent e US$ 59 para o WTI.

As projeções para dezembro de 2025 também foram reduzidas em US$ 5, passando a US$ 66 para o Brent e US$ 62 para o WTI. A revisão reflete uma estimativa menor de crescimento da demanda global de petróleo, agora prevista em 0,6 milhão de barris por dia (mb/d) para 2025 e 0,7 mb/d para 2026 — abaixo da estimativa anterior de 0,9 mb/d.

A redução nas expectativas para o crescimento do PIB global contribuiu com uma baixa adicional de US$ 3 a US$ 4 nas projeções de preços para o final de 2025.

“Não estamos mais adotando uma faixa de preços, dado que a volatilidade deve permanecer elevada diante do risco crescente de recessão”, apontaram os estrategistas liderados por Daan Struyven em relatório ao mercado.

A decisão da Opep+ de elevar a produção em 411 mil barris por dia a partir de maio — número bem acima da diretriz anterior de 135 mil barris — foi interpretada pelo Goldman como um indicativo de estoques apertados e de uma mudança de estratégia do grupo, priorizando o controle interno e a gestão da oferta não pertencente à Opep.

Esse aumento de produção representa uma contribuição adicional de US$ 2 a US$ 3 para a redução da meta de preço para dezembro de 2025, segundo a análise.

A expectativa da instituição é de que a reação da oferta não-Opep e da demanda aos preços mais baixos atue como fator estabilizador, adicionando um impacto de baixa de US$ 1 à previsão para o final de 2025 e de US$ 8 para dezembro de 2026.

Apesar disso, os analistas alertam que os riscos para os preços seguem concentrados no viés de queda, especialmente no horizonte de 2026, diante do aumento da probabilidade de recessão e da possibilidade de novos avanços na produção por parte da Opep+.

“Também acreditamos que o risco de alta de curto prazo para os preços, associado a uma oferta limitada, foi reduzido, uma vez que a Opep demonstrou capacidade de elevar substancialmente a produção de forma rápida”, acrescentaram os estrategistas.

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