Por Geoffrey Smith
Investing.com -- Os preços do petróleo caíram drasticamente na segunda-feira, em resposta a novos dados detalhando os desafios da economia chinesa com a Covid-19.
Às 12h20 (horário de Brasília/0, os futuros do petróleo WTI, negociado em Nova York, e referência de preços nos EUA, caíam 2,87%, a US$ 101,69 por barril, enquanto os futuros do Brent, cotado em Londres e referência mundial de preços, apresentavam queda de 2,38%, a US$ 104,59 por barril.
As flutuações foram exageradas pela liquidez reduzida, com os mercados de Londres fechados devido ao feriado e os intermediários norte-americanos cada vez mais lutando contra o aumento do custo de manter posições abertas em função das condições de aperto nos mercados monetários, na medida em que o Federal Reserve se prepara um aumento acentuado das taxas de juros.
As posições em aberto nos contratos futuros, monitoradas pelo CFTC, caíram mais 13 milhões de barris na semana passada, levando o recuo total das posições em aberto desde meados de fevereiro para 1,14 bilhão de barris.
Durante o fim de semana, os índices oficiais dos gestores de compras (PMIs) da China mostraram forte contração tanto nos setores de produção como de serviços no mês de abril, na medida em que Xangai (lar do maior porto do mundo), a região de Jilin e outras cidades e províncias sofreram com diferentes graus de restrições.
Os lockdowns tiveram um efeito debilitante sobre a demanda chinesa, com Ed Morse, chefe de pesquisa de commodities do Citigroup, afirmando na segunda-feira à Bloomberg que a demanda média no maior importador mundial caiu mais de 1 milhão de barris por dia, até agora, este ano. As atuais previsões da OPEP são de que a demanda chinesa cresça 700.000 barris por dia este ano, algo que os lockdowns em curso tornarão altamente improvável, caso continuem.
"Não parece que vão voltar em breve", disse Morse. "Achamos que eles vão manter a restrição sobre viagens internacionais até o final do ano".
O déficit na demanda da China está ajudando a atenuar o que se tornou um lado da oferta cada vez mais disfuncional. Um estudo da Reuters publicado na segunda-feira mostrou que os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais uma vez não conseguiram cumprir seus compromissos de elevação da produção dentro do cronograma conjunto com a Rússia e outros países.
Os membros da OPEP deveriam despachar mais 254.000 barris por dia em abril nos termos desse acordo, mas, em vez disso, conseguiram elevar a produção em apenas 40.000 barris por dia, devido a uma série de problemas na Líbia, Nigéria, Angola e em outros países.
A oferta proveniente da Rússia também deve apresentar uma queda acentuadamente no final do mês, devido à impossibilidade de seus terminais de exportação e oleodutos aceitarem nova produção.
A OPEP+ se reúne na quinta-feira para debater seu nível de produção para junho. Não se espera nenhuma alteração na política, mas a incapacidade de alguns membros de cumprirem as suas cotas está aumentando os incentivos para que os membros capazes de bombear mais petróleo quebrem o acordo.
É provável que a OPEP+ precise fazer um balanço dos resultados da reunião dos Ministros de Energia da UE em Bruxelas em curso, que deve elaborar a minuta de um embargo gradual às importações de petróleo da Rússia. De acordo com diversas publicações, os ministros devem esboçar um fim às compras de petróleo e derivados russos até o final do ano, com exceções fixadas para a Eslováquia e a Hungria, que dependem das entregas dos oleodutos russos mais que os outros estados-membro.