Por Sabrina Valle e Arathy Somasekhar e Liz Hampton
HOUSTON (Reuters) - Os preços do petróleo no nível mais alto em 14 anos estão prestes a reduzir a demanda por combustível pós-pandemia de Covid-19, à medida que os consumidores reagem ao aumento dos preços de energia e dos combustíveis nas bombas reduzindo gastos e viagens, alertaram altos executivos do setor de energia na segunda-feira.
Os contratos futuros globais de petróleo chegaram a atingir 139 dólares o barril esta semana, enquanto os preços da gasolina, diesel e energia alcançaram máximas de vários anos.
Os aumentos ocorrem conforme compradores de petróleo evitam embarques do segundo maior exportador de petróleo do mundo, a Rússia, devido à invasão da Ucrânia, exacerbando a escassez já existente de petróleo e gás natural.
Executivos de energia que participaram da conferência de energia CERAWeek em Houston disseram que os preços estavam se aproximando de níveis que reduziriam a demanda. E os consumidores, que agora pagam 47% a mais do que há um ano para abastecer seus carros, concordam.
Os choques nos preços da energia podem rapidamente "chegar a um ponto em que as pessoas vão tomar decisões de não usar o produto porque não podem pagar", disse Andy Brown, executivo-chefe da empresa portuguesa de energia Galp Energia.
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"Há uma chance de termos a destruição da demanda" por causa dos recentes picos de preços que afetam os combustíveis, disse ele à Reuters na segunda-feira, falando na conferência CERAWeek. A Galp, uma produtora de petróleo e gás que está mudando para combustíveis renováveis, teme que os preços diminuam a atenção na mudança para energia limpa, disse Brown.
Os aumentos nos preços da gasolina e do diesel estão afetando os consumidores na Europa, que lutam com as contas de energia cada vez maiores.
Na segunda-feira, o preço de atacado da eletricidade na Espanha atingiu 500 euros por megawatt-hora, disse o presidente-executivo da Repsol (MC:REP), Josu Jon Imaz, aos participantes da CERAWeek em Houston, um recorde no horário de pico e o dobro do nível de dezembro.
"Não podemos sustentar este nível de preços", disse Imaz. "Precisamos de uma transição (energética), não de uma destruição".
John Hess, CEO da produtora americana , pediu aos Estados Unidos e à Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) que coordenem a liberação de 120 milhões de barris de petróleo e se comprometam com uma liberação semelhante nas próximas semanas.
"Esta é uma emergência", disse ele, lamentando que 60 milhões de barris já liberados de reservas estratégicas não tenham sido suficientes.
"Os preços nos níveis que estão não são sustentáveis", disse Tengku Taufik, CEO da petroleira estatal da Malásia Petronas.
(Reportagem de Sabrina Valle, Arathy Somasekhar e Liz Hampton em Houston e Alexander Shummer em Toronto)