Putin se reúne com Witkoff e Kushner por mais de 4 horas para discutir paz na Ucrânia

Publicado 02.12.2025, 18:53
Atualizado 02.12.2025, 18:56
© Reuters.

Por Guy Faulconbridge e Anton Kolodyazhnyy

MOSCOU, 2 Dez (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, reuniu-se com o enviado especial do presidente dos EUA, Donald Trump, Steve Witkoff, e com o genro Jared Kushner, no Kremlin, nesta terça-feira, para conversarem sobre uma possível maneira de acabar com o conflito europeu mais mortal desde a Segunda Guerra Mundial.

Pouco antes da reunião, Putin advertiu a Europa de que enfrentaria uma derrota rápida se entrasse em guerra com a Rússia, e descartou as contrapropostas europeias sobre a Ucrânia como sendo absolutamente inaceitáveis para a Rússia.

Trump tem dito repetidamente que quer acabar com a guerra, mas seus esforços, incluindo uma cúpula com Putin no Alasca em agosto e reuniões com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, não trouxeram paz.

O esboço vazado de um conjunto de 28 propostas dos EUA sobre a paz surgiu na semana passada, alarmando autoridades ucranianas e europeias, que disseram que ele se curvava às principais exigências de Moscou em relação à Otan, ao controle russo de um quinto da Ucrânia e às restrições ao Exército ucraniano.

As potências europeias, então, apresentaram uma contraproposta e, em conversações em Genebra, os Estados Unidos e a Ucrânia disseram que haviam criado uma "estrutura de paz atualizada e refinada" para acabar com a guerra.

CONVERSAÇÕES EM ANDAMENTO

Um Putin sorridente disse a Witkoff que estava feliz em vê-lo e perguntou sobre a caminhada dele e de Kushner por Moscou, que incluiu um passeio pela Praça Vermelha, passando pelo mausoléu do fundador soviético Vladimir Lenin até as torres do Kremlin.

"É uma cidade magnífica", disse Witkoff a Putin, juntamente com o assessor de política externa Yuri Ushakov e o enviado de investimentos de Putin, Kirill Dmitriev. Ambos os lados tinham intérpretes.

As conversas no Kremlin continuavam depois da meia-noite em Moscou, durando mais de quatro horas.

"Nosso pessoal está na Rússia neste momento para ver se conseguimos resolver o problema. Não é uma situação fácil, deixe-me dizer a vocês. Que bagunça", disse Trump em uma reunião de gabinete em Washington, acrescentando que houve baixas de 25.000 a 30.000 por mês na guerra.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que tem liderado os esforços para reformular o plano de paz original para levar em conta as preocupações ucranianas e europeias, disse que Witkoff estava tentando acabar com a guerra.

PUTIN ACUSA EUROPEUS DE TENTAR BLOQUEAR A PAZ

Pouco antes da reunião no Kremlin, Putin acusou a Europa de tentar minar os esforços de paz de Trump ao fazer propostas que sabia serem inaceitáveis para a Rússia.

"Eles estão do lado da guerra", disse Putin sobre as potências europeias. "Podemos ver claramente que todas essas mudanças têm como objetivo apenas uma coisa: bloquear completamente todo o processo de paz, fazer exigências que são absolutamente inaceitáveis para a Rússia."

Putin disse que a Rússia não queria guerra com a Europa, mas que se a Europa começasse uma, ela terminaria tão rapidamente que não sobraria ninguém com quem a Rússia pudesse negociar.

Putin ameaçou cortar o acesso da Ucrânia ao mar em resposta aos ataques de drones contra navios-tanque da "frota sombra" da Rússia no Mar Negro. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, disse que os comentários de Putin mostraram que ele não estava pronto para acabar com a guerra.

As forças russas controlam mais de 19% da Ucrânia, ou 115.600 km², um aumento de apenas 1 ponto percentual em relação a dois anos atrás, embora tenham avançado em 2025 no ritmo mais rápido desde 2022, de acordo com mapas pró-ucranianos.

Mas após quase quatro anos de guerra na Ucrânia, a Rússia não conseguiu conquistar a Ucrânia, um vizinho muito menor que tem sido apoiado pelas potências europeias e pelos Estados Unidos.

Zelenskiy, falando em Dublin, disse que tudo dependeria das conversações em Moscou, mas que temia que os Estados Unidos pudessem perder o interesse no processo de paz.

"Não haverá soluções fáceis... É importante que tudo seja justo e aberto, para que não haja jogos pelas costas da Ucrânia", disse ele.

PUTIN VÊ POSSÍVEL "BASE PARA FUTUROS ACORDOS"

Putin tem afirmado que as discussões até agora não são sobre um projeto de acordo, mas sobre um conjunto de propostas que na semana passada ele disse "poderia ser a base para futuros acordos".

Putin diz estar pronto para falar de paz, mas que se a Ucrânia recusar um acordo, as forças russas avançarão ainda mais e tomarão mais território ucraniano.

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, desencadeando o maior confronto entre Moscou e o Ocidente desde os primórdios da Guerra Fria.

O conflito eclodiu pela primeira vez no leste da Ucrânia em 2014, depois que um presidente pró-russo foi derrubado na Revolução de Maidan da Ucrânia. A Rússia anexou a Crimeia e separatistas apoiados por Moscou lutaram contra as Forças Armadas de Kiev no leste da Ucrânia.

Em um vídeo divulgado na véspera da visita de Witkoff, Putin saudou o que seus comandantes disseram ser a captura russa da cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia, como uma importante vitória após uma campanha prolongada.

Os militares ucranianos disseram à Reuters que suas forças ainda estavam controlando a parte norte da cidade e haviam atacado as forças russas no sul de Pokrovsk.

As autoridades norte-americanas estimam que o número de vítimas da guerra seja de mais de 1,2 milhão de mortos e feridos. Nem a Ucrânia nem a Rússia divulgam suas perdas. O conflito também causou destruição generalizada nos vilarejos e cidades ucranianas e forçou muitas pessoas a deixarem suas casas.

Desde que as propostas preliminares dos EUA surgiram no mês passado, as potências europeias têm tentado apoiar a Ucrânia contra o que consideram um acordo de paz punitivo que poderia abrir a Rússia aos investimentos dos EUA em petróleo, gás e terras raras e devolver Moscou ao G8.

As principais exigências russas incluem uma promessa de que a Ucrânia nunca se unirá à Otan, limites para o Exército ucraniano, controle russo de toda a região de Donbas, reconhecimento do controle russo das regiões da Crimeia, Donbas, Zaporizhzhia e Kherson e proteção para os falantes de russo na Ucrânia.

A Ucrânia afirma que isso equivaleria a uma capitulação e a deixaria vulnerável a uma eventual conquista russa, embora Washington também tenha proposto uma garantia de segurança de 10 anos para Kiev.

A Ucrânia e as potências europeias veem a guerra como uma apropriação de terras no estilo imperial por parte de Moscou e alertaram que, se a Rússia vencer, um dia atacará os membros da Otan. Zelenskiy diz que a Rússia não deve ser recompensada por uma guerra que ela mesma iniciou.

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