🐂 Nem todas as ações ganham no rali. Lista do ProPicks deste mês tem 5 ações subindo +20% Saiba mais

Rali do petróleo chegará a 8ª semana consecutiva e atingir US$ 100?

Publicado 06.02.2022, 06:16
Atualizado 06.02.2022, 16:20
© Reuters.
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Por Barani Krishnan

Investing.com -- O índice do Medo e Ganância mede o sentimento do investidor em ações, títulos e criptomoedas numa escala de 0 a 100, onde 0 é o estado de medo extremo que causa pressão extrema de venda enquanto 100 sugere compra extrema ou ganância extrema. No entanto, entre as commodities as restrições de oferta e a geopolítica podem causar medo e ganância misturados, no sentido de que o medo de que algo seja escasso possa deixar os investidores extremamente gananciosos na sua compra — como acontece agora com o petróleo.

O rali descontrolado do petróleo nos últimos dois meses teve tudo a seu favor, da geopolítica à política de fornecimento. A única coisa que faltou foi uma crise meteorológica real. Isso foi compensado na semana passada com receios de congelamento no Texas, jogando o mercado com firmeza para acima dos US$ 90, com base na ideia de que a bacia de petróleo e gás do Permiano poderia se congelar novamente, como no ano passado.

O petróleo WTI, referência de preço nos EUA, bem como seu homólogo do Reino Unido, o Brent, tiveram a sétima semana seguida de rali, correndo rumo à previsão dos bancos de Wall Street de US$ 100 por barril. Na verdade, esse preço-alvo foi definido bem antes da crise entre a Rússia e a Ucrânia, dos aumentos de produção sem convicção da OPEP+ e da nevasca ártica que afetou grande parte dos EUA no início da semana passada, incluindo o Texas — que normalmente é o quarto estado mais quente dos EUA fora do inverno.

O rali do petróleo ganhou um novo impulso esta semana com a previsão de que as temperaturas no Texas inicialmente cairiam para - 20° Fahrenheit (-7 ° Celsius).

O oeste do Texas abriga a bacia de petróleo e gás do Permiano, que se espalha para o sudeste do Novo México.

"A força relativa do frio na parte central do Texas não pode ser subestimada - a sequência de dias consecutivos de temperaturas congelantes nesta semana têm o potencial de acarretar mais congelamentos no Permiano", disse na quarta-feira Dan Myers, analista da consultoria de energia Gelber & Associates, com sede em Houston.

Mas previsões meteorológicas são apenas isso - previsões. As leituras de algo tão volúvel quanto a temperatura devem sempre ser vistas com mais do que algumas ressalvas, especialmente quando são feitas com muita antecedência.

No caso do Texas, as previsões do início da semana indicavam Midland, que fica no coração do Permiano, com uma média de 11 ° Fahrenheit até domingo, com Houston a 28° F e Dallas a 18 ° F. 

Mas, no momento em que me sentei para escrever esta artigo antes da alvorada de domingo, a mínima de Midland era projetada para apenas 23 ° Fahrenheit, com uma máxima no dia de 53 ° no fim da tarde; a previsão para Houston ficou entre 29 ° e 57 ° F e a de Dallas, entre 28 ° e 50 ° F.  

Os riscos de outro super congelamento são altos no Texas, onde a nevasca do ano passado levou a blecautes e à morte de mais de 200 pessoas. 

Mas o Texas começou a se descongelar em relação à pior parte do frio a partir da quinta-feira, e à medida que os futuros do petróleo abriram no pregão de sexta-feira na Ásia, ficou claro que os problemas do Permiano não eram tão graves, disseram alguns investidores ao Investing.com no sábado, depois de acompanharem de perto o tempo na região por toda a semana.

As autoridades de serviços públicos do Texas também estão confiantes de que a rede elétrica do Estado da Estrela Solitária vai evitar uma repetição dos blecautes causados por tempestades que varreram a região no ano passado. Desde a catástrofe de 2021, foram estabelecidas novas regras que exigem que os operadores da rede aumentem a capacidade de reserva e tornem mais fácil o pagamento a usuários industriais pela redução de consumo. 

Os investidores que falaram com o Investing.com no sábado também apontaram que o gás natural - uma commodity usada para aquecimento e refrigeração, tão importante quanto o petróleo durante o pico do inverno e da calefação - despencou 18% entre quinta e sexta-feira, devolvendo todos os 16% do rali de terça-feira, depois de ter ficado evidente que o fator de medo quanto ao Permiano foi exagerado. 

Na verdade, a oferta de gás corria mais risco de se degradar no curto prazo que a do petróleo, com a média de cinco anos para armazenamento quase 15% abaixo do ponto em que se encontrava um ano atrás, segundo os investidores.

Ainda assim, o atual frenesi de compra no petróleo tem derrotado toda racionalidade, disseram esses investidores, reduzindo a questão a uma corrida onde tanto o jóquei quanto o cavalo – ou seja, o investidor e o mercado – usavam antolhos na disparada rumo aos US$ 100.

"Os preços do petróleo parecem ter uma passagem só de ida para US$ 100", escreveu Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA, no seu comentário de fim de semana. "Tudo parece estar ficando muito bullish para o petróleo WTI e essa dinâmica bullish poderá não encontrar muita resistência até o nível de US$ 95".

Como disse no início, entre as commodities, restrições de oferta e a geopolítica podem causar medo e ganância misturados, e é isso que está acontecendo agora com o petróleo. Na semana passada, o auge do foco medo-ganância no petróleo esteve no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que contribuiu com pelo menos US$ 10 do prêmio no barril de WTI e Brent ao longo do último mês - apesar de nenhum único míssil ter sido disparado ainda por nenhum dos lados do conflito. 

Como se a exuberância na compra de petróleo não fosse suficiente, alguns comentaristas dos mercados, incluindo Kelly Evans, coâncora do "Power Lunch", da CNBC, perguntavam-se em voz alta no Twitter nessa semana por que os fundos de pensão estavam alienando energia - em vez de entrarem em longo -  e reciclando os próprios dólares de seus cotistas de volta para seus próprios pagamentos futuros de pensões.

Talvez a sua decisão tenha a ver com a visão de longo prazo sobre a economia, bem como com a moral (esta última, infelizmente, tornou-se um palavrão no mundo dos investimentos).

Como eu disse na minha coluna da semana passada, o petróleo é a commodity que literalmente alimenta e move o planeta. O petróleo é indispensável à mobilidade da Terra. Ele é a commodity subjacente a quase toda atividade comercial. Preços de petróleo mais altos levam a preços mais altos de alimentos, gasolina, roupas e praticamente todos os itens essenciais. 

Assim, eu rio quando as pessoas dizem que estão comprando petróleo como uma proteção contra a inflação porque nada pode ser mais distante da verdade. Usar ouro como proteção contra a inflação não contribui para ela. Mas com o petróleo, a história é diferente.

É desonesto dizer que comprar petróleo é uma proteção contra a inflação quando sua compra, na verdade, ajuda a fazer o preço desse petróleo subir. Chame de uma oportunidade de lucro num mercado otimista, pois é exatamente isso. Só não use a desculpa de que é uma proteção contra a inflação.

Apesar de sermos um site pró-investimentos, o Investing.com às vezes equilibra a sua cobertura dos mercados com comentários sobre os impactos sociais das ações dos investidores, especialmente quando essas ações podem ser destrutivas para a economia global como um todo. E estamos exatamente neste ponto, com os preços do petróleo ameaçando explodir para bem além dos US$ 100 por barril, especialmente num momento em que a recuperação econômica mundial da Covid ainda está num estágio incipiente. A história está cheia de exemplos de hiperinflação e estagflação, cujas sementes foram plantadas por preços elevados do petróleo. 

Embora responsabilizemos as políticas energéticas míopes do governo Biden (qualquer um com bom senso teria um plano de energia renovável operando vigorosamente em paralelo a um plano de energia fóssil antes de fazer a transição), também devemos nos perguntar se o MDP (o Medo de Perder) de um rali - ou melhor, o DNP (Direito de Não Perder) - é mais importante do que a economia da qual tiramos nosso sustento. 

Lembre que as sementes para a crise financeira foram plantadas por alguns dos mesmos bancos de Wall Street que hoje projetam o petróleo a US$ 100, tanto quanto o governo Bush teve culpa por seu papel na gestão incorreta da economia. Embora esse colapso tenha sido desencadeado por hipotecas de alto risco, o petróleo próximo da casa de US$ 150 por barril também foi um catalisador.

Preço do petróleo e perspectivas técnicas

O petróleo WTI, negociado em Nova York, fechou em alta de US$ 2,04, ou 2,3%, aos US$ 92,31 por barril, após uma máxima no pregão de US$ 93,17. Na semana, a referência de preços nos EUA teve alta de quase 7%, enquanto o ganho acumulado na sequência de sete semanas era de 30%. Só este ano, o WTI subiu cerca de 23%. 

O Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço do petróleo, fechou em alta de US$ 2,16, ou 2,4%, a US$ 3,27. A semana, o Brent apresentou alta de aproximadamente 4%, enquanto seu avanço acumulado ao longo de sete semanas era de 27%. No ano, o Brent apresenta ganhos de 20%. 

Sunil Kumar Dixit, estrategista técnico chefe do skcharting.com, diz que, na sua opinião, os desencadeadores fundamentais para o WTI tiveram “uma reação exagerada, bem além da elasticidade aceitável".

"O upside no curto prazo deverá permanecer limitado a US$ 95, ao passo que uma ruptura abaixo dos US$ 86 deverá ser o primeiro sinal de exaustão, já que o gráfico semanal está enviando sinais claros de estar esticado demais e de uma ascensão parabólica, após sete semanas seguidas de rali”.

"Um topo de reversão de queda provavelmente vai se formar se o marca de US$ 86 ceder mais". 

Mas Dixit admite que o WTI pode ter um pouco mais de upside para avançar em direção aos US$ 95, mesmo com as notícias de que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia está se acalmando. 

"Embora a leitura estocástica em 94 e o RSI em 70 no gráfico semanal estejam em território de sobrecompra, é possível que haja um upside limitado para US$ 95. Mas, no geral, uma correção técnica parece mais provável".

Preço do ouro e atividade do mercado

Dois passos para a frente e um para atrás - a dança comedida do ouro em seu retorno a preços de US$ 1.800 continuou esta semana, após ele sobreviver a  ofensiva de um poderoso relatório de emprego nos EUA para janeiro, embora não tenha conseguido avançar com força suficiente para animar os longs no mercado.

O contrato mais ativo do futuro do ouro na Comex de Nova York, para abril, fechou em alta de US$ 3,70, ou 0,2%, aos US$ 1.807,80 por onça. Na semana, teve aumento de 1,3%. 

Embora um ganho semanal acima de 1% não seja ruim em nenhum mercado, no caso do ouro é um doloroso lembrete aos touros do quanto a commodity é subestimada como proteção contra a inflação, quando todos os principais indicadores de preços nos EUA apontam para o nível mais alto em 40 anos.

"O patamar de US$ 1.800 é crucial para o ouro e se ele conseguir continuar oscilando à sua volta, isso seria muito positivo para os touros do metal", escreveu Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA, no seu comentário semanal.

"Se o ouro romper abaixo dos US$ 1.780, as condições podem se tornar traiçoeiras e os preços podem ver alvos significativos de ânimo de venda na direção dos US$ 1.700".

Os longs dos ouro tiveram um breve momento de pânico na sexta-feira de manhã, quando o metal rompeu abaixo desse nível de US$ 1.800, embora não tenha chegado muito longe - atingindo uma mínima no pregão de US$ 1.792,20. Considerando as circunstâncias do relatório de emprego, isso foi na verdade bem impressionante por parte do ouro.

Os empregadores norte-americanos adicionaram 467.000 postos de trabalho em janeiro, superando as expectativas dos economistas, embora a taxa de desemprego tenha se deslocado minimamente para cima, para a 4% em relação ao patamar anterior de 3,9%, disse o Departamento de Trabalho em seu relatório de folhas de pagamento não agrícolas. Os economistas acompanhados pelo Investing.com previam um crescimento de cerca de 150.000 vagas para o mês passado, em comparação com as 199.000 de dezembro.

Após o relatório de empregos, os futuros de fundos federais sugeriam que poderia haver até cinco aumentos das taxas de juros este ano, pois as extraordinárias condições do mercado de trabalho criam uma base sólida para o Federal Reserve combater a inflação.

"O relatório do emprego nos EUA fez o mercado precificar uma chance maior que 50% de que o Fed fará cinco aumentos em 2022", disse o economista Greg Michalowski num post na ForexLive, plataforma de mídias sociais. "As expectativas de aumentos em março e maio estão agora em 100%. Há 82% de chance de um aumento em junho, e 56% de chance de aumentos em julho e novembro".

O valor de cada elevação permanece em 25 pontos base. As taxas estão atualmente entre zero e 0,25%, e os cinco aumentos poderiam levá-las a um intervalo entre 1,25% e 1,50%, embora alguns aumentos pudessem ser superiores a 25 pontos base, dependendo do desempenho do mercado de trabalho, da economia e, em última análise, da inflação.

Após o desemprego desconcertante provocado pelo surto de Covid-19 em 2020, o mercado de trabalho registou uma recuperação dinâmica, exibindo uma taxa de desemprego de apenas 4,0% no relatório de folhas de pagamento não agrícolas publicado na sexta-feira, em comparação com uma taxa recorde de 14,8% em abril de 2020. Uma taxa de desemprego de 4,0% ou inferior é considerada como "pleno emprego" pelo Fed, que possui um mandato duplo de crescimento de empregos e manutenção da inflação sob controle, prioritariamente através do controle das taxas de juros.

Desde que cortou os juros para quase zero em março de 2020, o Fed proporcionou um estímulo de mais de US$ 2 trilhões de dólares ao longo dos últimos 20 meses para sustentar os mercados de crédito. Além disso, o governo federal gastou trilhões de dólares a mais em medidas de alívio da pandemia, enquanto os empregadores arcaram com salários mais altos para trabalhadores americanos.

Todo esse dinheiro, combinado com os gargalos na cadeia de fornecimento em consequência da pandemia, ocasionaram a escalada da inflação, à medida que a economia cresceu 5,8% no ano passado em contraste com uma retração de 3,5% em 2020. O índice de preços ao consumidor dos EUA, um barômetro crucial da inflação, saltou 7% no ano até dezembro, seu maior crescimento desde 1982. A tolerância do próprio Fed para a inflação é de meros 2% ao ano.

Perspectiva técnica do ouro

Dixit, do SK Charting, destacou que o ouro conseguiu manter a cabeça fora d’água esta semana, após a terrível queda de US$ 73 em relação à máxima de US$ 1.853 que empurrou o metal para US$ 1.780.

"A evolução do ouro na próxima semana será acompanhada com atenção pela reação dos preços à mínima de US$ 1.785 e recuperação para US$ 1.797, que é o nível de 50% de Fibonacci".

"Romper e se manter abaixo dos US$ 1.785 vai invalidar a recuperação e estender a venda para testar o nível de Fibonacci mais baixo, de 61,8%, a US$ 1.768".

Na sequência do relatório de emprego dos EUA, havia fortes expectativas que o ouro faria uma correção de US$ 1.800 para US$ 1.797 e até mesmo testaria os US$ 1.790, Dixit disse.

"O ouro, na verdade, surpreendeu com a recuperação para acima dos US$ 1.800. Se conseguir se manter acima dos US$ 1.785 com qualquer volatilidade que venha esta semana, a recuperação poderá se estender a US$ 1.25 dólares, um nível crítico para uma subida ainda maior".

Isenção de responsabilidade: Barani Krishnan não possui posição nas commodities e valores mobiliários sobre as quais escreve.

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