Por Barani Krishnan
Investing.com -- Compre o boato e venda o fato. O mercado de petróleo está começando a aprender mais lições com Wall Street.
O Big Oil seguiu a queda renovada da Big Tech na quarta-feira, à medida que as preocupações com o crescimento econômico dos EUA, em conjunto com a realização de lucros com o rali no setor de energia da semana passada, reduziram os preços da commodity, apesar dos dados otimistas de consumo e reservas divulgados pelo governo.
O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência do petróleo nos EUA, fechou em queda de US$ 2,81, ou 2,5%, a US$ 109,59. O benchmark da commodity nos EUA caiu 4% em dois dias de negociação após um aumento acumulado de 14,5% ao longo dos quatro pregões anteriores, que o levaram até a máxima em sete semanas de US$ 114,90 na segunda-feira.
O Brent, cotado em Londres e referência global de preços, fechou com queda de US$ 2,82, ou 2,5%, a US$ 109,11.
O benchmark global perdeu 4,5% em dois dias de negociação após subir cerca de 12% nos quatro pregões anteriores, levando-o à máxima em um mês, de US$ 114,79, na segunda-feira.
O selloff do petróleo se aprofundou na quarta-feira, apesar de dados de inventário mais positivos anunciados pela Energy Information Administration dos EUA, que relatou uma retirada surpreendente nos estoques de petróleo brutos e consumo maior que o esperado nos balanços de gasolina na semana passada.
"É o que se chama de ‘dia comprar o boato e vender o fato’”, disse John Kilduff, sócio fundador do fundo de hedge de energia Again Capital, de de Nova York.
"Os touros do mercado apostaram em números sólidos de consumo de petróleo e gasolina, mesmo que os ursos esperassem o contrário, e alguns consideraram apropriado embolsar hoje o dinheiro que ganharam", disse Kilduff. "Além disso, há um ruído incessante na economia dos EUA e receios de recessão. Tudo isso está pesando sobre as ações e os mercados em geral".
As ações em Wall Street tiveram mais uma forte queda na quarta-feira, com o valorizado setor de tecnologia da Nasdaq recuando mais de 4%, à medida que o mercado de capitais dos EUA retomou seus tropeços devido às preocupações com o crescimento, após uma trégua nos últimos dias em relação ao selloff de maio. O Nasdaq já caiu cerca de 7% em maio, enquanto apresente, no ano, queda de 26%.
"Há previsões sombrias por parte dos bancos centrais, com até mesmo a Fed mirando agora um pouso mais suave, que se assemelha muito ao cenário antes de uma recessão moderada", afirmou Craig Erlam, analista da plataforma de negociação online OANDA. "Pode ser o momento de apertar os cintos e se preparar para um ano muito conturbado".
O Federal Reserve irá elevar as taxas de juros ininterruptamente, até mesmo desacelerando a economia dos EUA, se necessário, a fim de baixar a inflação em relação aos atuais níveis recordes em 40 anos, disse na terça-feira o presidente do banco central, Jerome Powell. Os preços recordes dos combustíveis, com a gasolina acima de US$ 4,50 por galão em algumas bombas dos EUA e o diesel acima de US$ 6, estão acelerando a inflação, podendo inclusive levar à destruição da demanda por energia, na medida em que seja cada mais difícil para os consumidores pagar tais preços.
O crescimento econômico dos EUA para este ano deverá ficar na casa de 2,4%, cerca de 0,8% abaixo da estimativa do Fed, já que a guerra da Ucrânia está causando mais choques negativos globais do que o esperado, afirmou o S&P Global numa perspectiva divulgada na quarta-feira.
No plano dos dados da EIA, os estoques de petróleo bruto caíram 3,39 milhões de barris durante a semana finda em 13 de maio, contra o aumento de 1,38 milhão de barris esperado pelos analistas acompanhados pelo Investing.com. Na semana anterior, até 6 de maio, houve um acúmulo de 8,49 milhões de barris.
Entre os inventários de gasolina, houve uma queda de 4,78 milhões de barris, contra o consenso dos analistas de um consumo de 1,33 milhão de barris. Na semana anterior, houve um recuo de 3,61 milhões de barris.
Com os estoques de destilados, houve um acúmulo de 1,24 milhão de barris, contra as expectativas de queda de 800.000 barris. Na semana anterior, houve uma queda de 913.000 barris.