SÃO PAULO (Reuters) - A renovação da licença operacional da usina nuclear Angra 1, que expira em dezembro deste ano, é a principal prioridade da Eletronuclear no momento, segundo o diretor-presidente da empresa, Raul Lycurgo.
Em entrevista gravada veiculada pela própria Eletronuclear nesta terça-feira, Lycurgo destacou que o empreendimento no Rio de Janeiro com 650 megawatts (MW) de potência, que está completando 40 anos em atividade, cumpre um papel importante para a matriz elétrica brasileira.
"O desafio número um, primordial... é a extensão da vida útil de Angra 1... ela (licença) vence agora no dia 23 de dezembro, nós estamos trabalhando para a renovação, para que ela possa continuar operando por mais 20 anos", afirmou.
"A importância da nossa usina nuclear aqui é primeiro contribuir para uma energia de base, firme, constante e perto do centro de carga", acrescentou.
A continuidade das atividades da usina deve envolver investimentos para modernização das instalações. Ao lançar o "Novo PAC" no ano passado, o governo federal estimou em 1,9 bilhão de reais os aportes necessários nesse projeto.
Lycurgo apontou ainda que a discussão sobre Angra 1 é mais urgente do que a retomada das obras de Angra 3.
"Apesar de Angra 3 ser um investimento gigantesco, eu costumo falar que se Angra 3 escorregar mais um, dois, três, cinco ou seis meses para a frente, ok. Mas se Angra 1 escorregar um mês para frente, e eu não conseguir fazer os investimentos que tenho que fazer em 2024, eu tenho uma gilhotina caindo no dia 23 de dezembro deste ano."
Outra prioridade, segundo o diretor-presidente, é equacionar o caixa da Eletronuclear, que passa por um momento de "estresse". A empresa trabalha para reduzir custos na linha de "pessoal, material, serviços de terceiros e outros" (PMSO), que estão hoje acima do teto reconhecido pela agência reguladora Aneel.
No final do ano passado, a Aneel subiu o teto desta receita fixa da empresa para a cobertura dos custos de 1,1 bilhão de reais para 1,4 bilhão de reais, mas a Eletronuclear afirma que grandes projetos têm demandado aportes financeiros maiores por parte da empresa.
Já sobre Angra 3, Lycurgo lembrou que a conclusão do empreendimento ainda depende de estudos que estão sendo realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Após concluídos os estudos, será definida uma tarifa para a energia gerada pela usina, a ser chancelada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
"Aí a gente espera que a obra deslanche de uma vez, com a autorização do CNPE."
Na semana passada, a Eletronuclear anunciou que divulgaria em breve uma consulta pública às minutas do edital para a conclusão das obras de Angra 3. Projetada com 1,4 gigawatt (GW) de potência, o empreendimento teve suas obras iniciadas na década de 1980, mas ao longo dos anos elas foram paralisadas e reiniciadas algumas vezes.
(Por Letícia Fucuchima)