Por Roberto Samora e Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A safra 2020/21 de soja no Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor do grão no país, deve saltar 69%, a 18,95 milhões de toneladas, enquanto o arroz pode ter o avanço limitado pela infraestrutura de irrigação, apesar dos preços favoráveis à cultura, disse a Emater-RS nesta quinta-feira.
O desempenho esperado para a oleaginosa vem na esteira de uma recuperação, após fortes perdas causadas pela seca na temporada anterior.
A produtividade média estimada para a soja gaúcha foi de 3.119 kg por hectare, alta de 65,6% na comparação anual.
A área plantada deve alcançar 6,07 milhões de hectares em 2020/21, alta de 1,55% em relação à safra anterior, apontou a Emater em sua primeira projeção para o novo ciclo.
ARROZ
A área semeada com arroz no Rio Grande do Sul, principal produtor brasileiro do cereal, foi estimada em 967,5 mil hectares para 2020/21, alta de 1,7% ante a temporada anterior.
Entretanto, baseada na média histórica, a Emater vê uma produtividade cerca de 4% menor, o que resultará em uma queda na produção total de 2%, para 7,6 milhões de toneladas.
Uma produção maior no Estado seria importante para aumentar a oferta no país, que registrou preços recordes para o produto, diante da forte demanda e um câmbio favorável a exportações.
Nesta quarta-feira, o indicador do arroz em casca Esalq/Senar-RS fechou cotado a 105,81 reais por saca de 50kg, alta de 12,54% na variação mensal e mais que o dobro dos 45,39 reais registrados um ano antes.
A situação levou o governo a zerar tarifa de importação para cota de 400 mil toneladas de arroz até o fim do ano.
"O arroz é uma cultura muito estável, depende de água e estrutura para irrigação. Não é simples assim, subiu o preço e o produtor aumenta a área...não é uma relação tão direta assim...é uma decisão de médio e longo prazo", disse à Reuters o diretor técnico da Emater-RS, Alencar Rugeri.
Segundo ele, neste momento os produtores gaúchos estão se organizando para começar o plantio de 2020/21 e verificando questões como o volume de água disponível nas barragens, que será fornecida para irrigação.
Sobre a estimativa de queda na produtividade, Rugeri disse que revisões ainda podem ser feitas de acordo com as condições climáticas que forem se consolidando ao longo da safra, já que esta primeira projeção é feita com base em dados históricos.
"É um cálculo matemático, um ponto de partida", acrescentou.