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Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Especialistas descobriram que o patógeno da Síndrome do Murchamento da Cana, principal doença dos canaviais brasileiros, é o fungo Colletotrichum, de acordo com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), que promoveu nesta terça-feira evento em Piracicaba (SP) para discutir o assunto e traçar estratégias de combate.
A doença, que pode causar perdas de até 50% na produtividade dos canaviais, especialmente em momentos de estresse hídrico, está presente em cerca de 30% das lavouras nas principais regiões produtoras do Brasil, maior produtor global de açúcar, disse a diretora de P&D do CTC, Sabrina Chabregas.
O fungo, que deixa "fofa" a parte central do colmo (caule) da cana, prejudica a qualidade do produto colhido, afetando a produtividade e a concentração de açúcares.
Questionados, especialistas do CTC evitaram dimensionar o quanto a produtividade da safra atual tem caído por conta do Murchamento da Cana. Mas ressaltaram a gravidade da doença.
"Hoje, no aspecto de doenças, é aquela que mais tira o sono dos produtores, ele não tem ferramentas para controlar", afirmou o CEO do CTC, Cesar Barros, à Reuters, acrescentando que o segmento suspeita que o alastramento do fungo esteja também relacionado a mudanças climáticas.
Até o momento, produtores trataram o problema de forma "empírica", com fungicidas, ou realizando a colheita antes do agravamento dos sintomas, mais presentes em lavouras em fim de ciclo.
"Agora que a gente sabe qual é o agente causal da doença, mudamos de jogo, podemos buscar resistência genética, podemos trabalhar em protocolos para controle, produtos químicos e biológicos, abre-se porta muito maior para endereçar o problema e reduzir os prejuízos", disse Chabregas, após evento em Piracicaba que marcou o lançamento da plataforma Esfera, espaço de conexão permanente para discussão de questões de todos os elos da cadeia canavieira.
O CEO do CTC lembrou que produtores começaram a identificar os sintomas da doença nos últimos quatro a cinco anos, e espera que a definição do patógeno facilite os trabalhos de combate ao fungo.
"Sempre que tem um estresse no campo, essa doença se manifesta... Ela rouba a produtividade, quebra a cana se bate um vento, prejudicando a qualidade da cana", disse.
Os pesquisadores também estão se debruçando sobre estudos para entender melhor como o fungo se alastra nos canaviais.
"A ciência tem que explorar ainda de que forma ela (doença) entra na cana. Muitas perguntas que precisam ser respondidas", disse.
Em termos de pragas, o setor tem a broca como o problema mais relevante para os canaviais, mas o CTC já tem uma cana transgênica que oferece resistência ao inseto.
O CTC tem compromisso público de dobrar a produtividade do canavial até o final da próxima década.
"Estamos apostando na Esfera para ouvir os nossos clientes e experimentar soluções que vão endereçar os problemas", afirmou o executivo da empresa de biotecnologia e inovação, líder global em ciência da cana-de-açúcar.
(Por Roberto Samora)