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Solução para Light passa por "divisão do ônus" e deve sair este ano, diz Aneel

Publicado 29.03.2023, 15:58
© Reuters. Logo da companhia de eletricidade Light, na B3 
25/07/2019
REUTERS/Amanda Perobelli
LIGT3
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Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A situação da distribuidora fluminense Light (BVMF:LIGT3) é muito preocupante e uma solução deve ser encontrada ainda este ano para que a empresa possa se recuperar das dificuldades financeiras sem que consumidores sofram grandes impactos de medidas do governo, dividindo-se o ônus, disseram à Reuters diretores da agência reguladora Aneel.

Um dos pontos cruciais será chegar a uma divisão "adequada" do ônus financeiro que a empresa tem por não conseguir operar em determinados locais de sua área de concessão, como aqueles dominados por milícia ou tráfico, segundo Helvio Guerra e Agnes da Costa, que estiveram no Rio de Janeiro para um evento nesta quarta-feira.

A Light divulgou na véspera que teve um prejuízo de 5,67 bilhões de reais em 2022, devido ao impacto de provisões e a complexidades próprias de sua concessão. Além do fluxo de caixa comprometido, a companhia tem elevado endividamento e um volume grande de vencimentos no curto prazo, o que a fez buscar uma reestruturação de capital. As ações da companhia operava em queda de mais de 19% nesta tarde.

Em paralelo a isso, a companhia está negociando junto à Aneel e ao Ministério de Minas e Energia uma antecipação da renovação do contrato de sua distribuidora, que vence em maio de 2026. A ideia é que esse novo contrato traga novas regras que permitam um reequilíbrio da concessão.

"A solução (para a Light) tem que sair logo; não dá mais para segurar isso. Até o fim deste ano espero que se tenha ao menos um encaminhamento", disse Guerra.

Ele apontou que a distribuidora tem importante perda financeira com furtos de energia, estimada em cerca de 15%, um percentual "pesado" e que precisa "ser considerado" pela autarquia.

Em sua visão, os consumidores da Light que pagam a conta de luz regularmente não podem arcar com todo o ônus gerado por essas áreas de risco onde nem o poder público consegue entrar, "mas alguma coisa tem que ser repassada".

"A questão é alocar adequadamente todo esse custo que existe; não pode ser só do consumidor. O acionista tem que entrar", disse Guerra.

Costa segue a mesma linha, apontando que essas discussões também devem envolver o poder concedente.

"A questão é de governo e de Estado, que é como se divide esse ônus. Deixar tudo na concessão não faz sentido, mas também transferir tudo para consumidor também não faz sentido", disse ela.

O CEO da Light, Octavio Lopes, disse nesta quarta-feira que o combate a furtos de energia e inadimplência é "inviável" nas chamadas Áreas de Severas Restrições à Operação (ASRO), onde a companhia não consegue entrar para cortar conexões irregulares e cobrar faturas retroativas.

Guerra lembrou que, em alguns casos, a Aneel já aceitou flexibilizar parâmetros regulatórios dos contratos de distribuição, mas isso geralmente ocorre quando há troca de controlador. No caso da Light, a empresa diz que pretende manter a concessão e uma devolução seria "muito pouco provável".

© Reuters. Logo da companhia de eletricidade Light, na B3 
25/07/2019
REUTERS/Amanda Perobelli

O diretor da Aneel acrescentou ainda que qualquer que seja a solução para Light, ela tem que ser bem percebida e aceita pela população.

"Isso tem que ser muito bem tratado para que haja uma percepção do consumidor do Rio que essa solução é positiva para melhorar a qualidade do serviço", frisou.

 

(Por Rodrigo Viga Gaier; texto de Letícia Fucuchima)

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