SÃO PAULO (Reuters) -A safra de soja do Brasil em 2022/2023, cujo plantio começa em setembro, deve alcançar um recorde de 152,57 milhões de toneladas, projetou nesta segunda-feira a consultoria StoneX, em sua primeira estimativa para o novo ciclo.
Isso pode representar um crescimento de cerca de 20% na comparação com a temporada anterior, quando a seca prejudicou as produtividades, especialmente no Sul do país, que é o maior produtor e exportador global da oleaginosa.
"Esse recorde seria resultado de um crescimento de 3,9% na área plantada, somado a uma recuperação da produtividade média nacional para 3,56 toneladas por hectare", disse a especialista de Mercado do grupo, Ana Luiza Lodi, em nota.
São esperados aumentos de área para todas as regiões do país, numa tendência que já vem sendo observada nos últimos anos, a despeito dos custos de produção em patamares elevados, acrescentou.
Uma safra recorde, acima de 150 milhões de toneladas, deve ser acompanhada também de uma demanda mais forte.
"Apesar de haver indefinições rondando o mercado, como a possibilidade de uma recessão global, a StoneX estima que as exportações de soja possam atingir 100 milhões de toneladas no próximo ano", disse.
A exportação de soja no ciclo 21/22 é estimada em 77 milhões de toneladas.
O consumo doméstico também deve continuar avançando na nova safra, e foi estimado em 52 milhões de toneladas, versus 49 milhões na temporada anterior, com os estoques finais estimados em 6,5 milhões de toneladas, aumento de pouco mais de 1 milhão de toneladas.
MILHO
A StoneX revisou mais uma vez sua estimativa de produção da safra de inverno 2021/22 do Brasil, para um recorde de 93 milhões de toneladas, um aumento de 2,5% em comparação ao número divulgado no início de julho, em meio ao avanço da colheita, que já supera 70% do total previsto.
"O ajuste positivo resultou de perspectivas mais favoráveis para a produtividade no Mato Grosso do Sul, assim como de aumentos na área plantada e no rendimento médio do Mato Grosso", justificou a consultoria.
Somando-se os números esperados para as três safras, a produção total em 21/22 ficaria em 121,6 milhões de toneladas, contra 119,3 milhões de toneladas no relatório anterior.
A StoneX ainda estimou a produção da nova temporada (22/23) em um recorde de 125,5 milhões de toneladas de milho, apesar de apontar que a soja deverá tomar alguma área do cereal na safra de verão.
Apesar de haver uma expectativa de leve redução na área plantada do milho na próxima temporada, que deverá perder espaço para a soja especialmente nos Estados do Sul e Sudeste, espera-se uma produção de 30,3 milhões de toneladas na 1ª safra 2022/23, 14,8% acima do estimado para o ciclo anterior, de acordo com a primeira estimativa divulgada pela StoneX.
Por outro lado, considerando condições climáticas dentro da normalidade, acredita-se que o país possa obter uma produtividade média próxima de 7 toneladas/ha, número consideravelmente acima do observado na primeira safra 2021/22, marcada por adversidades climáticas na região Sul.
"Vale destacar que os números estão sujeitos a grandes alterações, visto que o clima pode surpreender negativamente e ainda há tempo para mudanças na decisão de plantio", ponderou o analista de inteligência do grupo, João Pedro Lopes.
Em meio à expectativa de uma grande produção na próxima temporada, espera-se que o país continue ampliando sua presença no mercado internacional, questão favorecida também pelas incertezas envolvendo a safra ucraniana e o acordo entre China e Brasil, completou ele.
A exportação brasileira foi estimada em 45 milhões de toneladas em 2022/23, o que seria um novo recorde, superando a estimativa de 42 milhões para a temporada 21/22, que terá forte recuperação ante 20/21 (20,9 milhões).
O consumo doméstico foi projetado em 80 milhões de toneladas no novo ciclo, versus 76 milhões em 21/22.
(Por Roberto Samora; edição de Letícia Fucuchima)