Por Barani Krishnan, do Investing.com Estados Unidos
Investing.com -- Pela segunda vez em quinze dias, os preços do petróleo WTI romperam abaixo do suporte de US$ 100 por barril, chegando mesmo a fechar abaixo dessa marca na terça-feira.
E, mais uma vez, os touros do petróleo provavelmente irão contar com os dados semanais dos inventários dos EUA para restaurar a alta do mercado.
O Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, fechou em queda de US$ 3,48, ou 3,3%, a US$ 102,46 por barril, depois de uma mínima intraday a US$ 101,73.
Depois de um rali de 6% nas duas semanas anteriores fundamentado nas especulações de que a Europa estava se aproximando do tão aguardado embargo ao petróleo da Rússia, o Brent havia cedido 9% na semana diante das preocupações de que os Estados Unidos pudessem entrar em recessão devido à elevação agressiva das taxas de juros conduzida pelo Federal Reserve a fim de conter a inflação, que cresce em seu maior ritmo em 40 anos.
Mas foi o petróleo WTI que estava no radar dos ursos do petróleo na terça-feira.
O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência do petróleo nos EUA, fechou o pregão de terça-feira em baixa de US$ 3,33, ou 3,2%, a US$ 99,76.
Mais cedo, o WTI chegou a atingiu uma mínima no pregão de US$ 98,91, o seu valor mais baixo desde o fundo de US$ 97,06 no dia 26 de abril.
A referência de preço do petróleo dos EUA ganhou quase 8% nas duas semanas anteriores de negociação, para entregar quase 10% nos primeiros dois dias desta semana.
A queda de terça-feira nos preços do petróleo aconteceu com a divulgação pela American Automobile Association de que o preço médio da gasolina nas bombas dos EUA alcançou um nível recorde de US$ 4,37 por galão.
Enquanto isso, os dirigentes do Federal Reserve, o banco central norte-americano, debatiam a possibilidade de uma elevação de 75 pontos base nos juros durante a sua reunião de junho, depois de instituírem aumentos de 50 pbs e 25 pbs nas reuniões de maio e março, respectivamente. Estes serão os aumentos mais elevados das taxas de juros dos EUA em pelo menos uma geração, enquanto o Fed tenta repelir o maior avanço dos preços desde os anos 1980.
Os preços da gasolina chegaram a baixar para US$ 4,07 por galão em abril, depois que o governo Biden ter anunciado a liberação de volumes sem precedentes de petróleo bruto da Reserva Estratégica do Petróleo (REP) dos EUA, numa tentativa de reduzir a tensão global no fornecimento incrementada pelas sanções aplicadas à Rússia.
O Presidente Joe Biden autorizou a sua primeira grande retirada de REP em novembro, quando os fornecimentos de petróleo começaram a sofrer limitações em meio à rápida recuperação da demanda na sequência da crise do coronavírus, que forçou a alta dos preços tanto do petróleo como de combustíveis nos EUA. Nos últimos dois meses, o governo retirou uma média de 3 milhões de barris da REP todas as semanas, a fim de ajudar a atender a demanda por petróleo das empresas domésticas de refino num mercado que assiste a um aumento no consumo de combustíveis em meio a um contexto de forte recuperação econômica depois de dois anos de pandemia do coronavírus.
As maiores liberações da REP do governo se iniciam a partir deste mês, quando serão liberados um total de 180 milhões de barris até julho, ou seja, cerca de um milhão de barris por dia nos próximos 180 dias. O Relatório Semanal do Status do Petróleo dos EUA revelou que os inventários da REP se situavam em 550 milhões de barris durante a semana encerrada no dia 29 de abril. Este foi o menor nível dos inventários em reserva desde dezembro de 2001.
Embora o próprio WTI tenha recuado das máximas de 14 anos, a US$ 130, para as mínimas de terça-feira, abaixo de US$ 100, a gasolina se manteve obstinadamente acima da média de US$ 4, levando Biden a acusar as empresas de energia de acerto de preços.
"Claramente, existe uma enorme preocupação nos mercados em relação a uma recessão, no momento em que os bancos centrais continuam a efetuar apertos agressivos no contexto de uma economia em desaceleração e de uma crise no custo de vida", afirmou Craig Erlam, analista da plataforma de negociação online OANDA. "Há muita pressão sobre os orçamentos das famílias, o que só vai se intensificar à medida que o ano avança, que irá cobrar o seu preço".
Mas a relutância da OPEP+, a aliança de exportadores globais de petróleo, em abrir mais as suas torneiras está mantendo os preços do petróleo "muito elevados", observou Erlam, acrescentando que era "talvez um sinal de que deveríamos nos acostumar com estes preços mais altos".
Os participantes do mercado também estavam atentos na terça-feira aos dados semanais do inventário de petróleo dos EUA, com a divulgação por parte do American Petroleum Institute (API) prevista para depois d o fechamento do mercado.
O API divulgará em torno das 17:30h um retrato dos fechamentos do balanço dos estoques de petróleo, gasolina e destilados dos EUA para a semana encerrada em 6 de maio. Os números servem como uma prévia dos dados oficiais de inventário publicados pela Energy Information Administration dos EUA, que devem sair na quarta-feira.
Para a semana passada, os analistas acompanhados pelo Investing.com esperam que a EIA informe uma queda dos estoques de petróleo bruto de 457.000 barris, em contraste com o aumento de 1,3 milhão de barris anunciado durante a semana finda em 29 de abril.
Em relação aos inventários de gasolina, o consenso é de consumo de 1,57 milhão de barris, o que ampliaria o recuo de 2,23 milhões de barris consumidos na semana anterior.
Com os estoques de destilados, a expectativa é de uma queda de 1,31 milhão de barris, em contraste com o recuo da semana anterior de 2,34 milhão de barris.