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Por Doina Chiacu e Olena Harmash
WASHINGTON/KIEV (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, é um “ditador sem eleições” e que era melhor ele agir rápido para garantir a paz ou não terá mais um país.
Trump falou horas depois de Zelenskiy responder à sua sugestão de que a Ucrânia foi responsável pela invasão total da Rússia em 2022, dizendo que o presidente norte-americano estava preso em uma bolha de desinformação russa.
“Um Ditador sem Eleições, melhor Zelenskiy agir rápido ou ele não terá mais um país”, escreveu Trump, na sua plataforma de redes sociais Truth Social.
Em resposta, o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andrii Sybiha, disse que ninguém pode forçar o seu país a ceder. “Defenderemos nosso direito a existir”, afirmou Sybiha, no X.
O mandato de cinco anos de Zelenskiy deveria ter terminado em 2024, mas eleições presidenciais e parlamentares não podem ser realizadas sob lei marcial, imposta pela Ucrânia em fevereiro de 2022 em resposta à invasão da Rússia.
Zelenskiy, que se reuniu com o enviado de Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, em Kiev nesta quarta-feira, disse que gostaria que a equipe de Trump tivesse “mais verdades” sobre a Ucrânia, um dia depois de Trump dizer que a Ucrânia “nunca deveria ter começado” o conflito com a Rússia.
O líder ucraniano afirmou que a declaração de Trump de que sua taxa de aprovação é de apenas 4% é desinformação russa e que qualquer tentativa de substituí-lo falhará.
“Nós temos evidências de que esses números estão sendo discutidos entre os Estados Unidos e a Rússia. Ou seja, o presidente Trump... infelizmente vive no espaço da desinformação”, afirmou Zelenskiy à televisão ucraniana.
Segundo a pesquisa mais recente do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev, feita no começo de fevereiro, 57% dos ucranianos confiam em Zelenskiy.
Há menos de um mês na Presidência, Trump alterou a política norte-americana para Ucrânia e Rússia, encerrando a tentativa de Washington de isolar a Rússia pela sua invasão à Ucrânia, com uma ligação por telefone entre Trump e Putin e reuniões entre autoridades de alto escalão dos EUA e da Rússia.
REUNIÃO ENTRE TRUMP E PUTIN
Trump disse que pode se reunir com Putin neste mês. O Kremlin afirmou que essa reunião pode precisar de mais tempo para ser preparada, mas o fundo soberano da Rússia disse que espera que várias empresas norte-americanas voltem para a Rússia ainda no segundo trimestre.
Em Moscou, Putin afirmou nesta quarta-feira que a Ucrânia não seria barrada de participar de negociações de paz, mas que o sucesso dependeria do aumento do nível de confiança entre Moscou e Washington.
Putin, falando um dia depois que a Rússia e os EUA realizaram suas primeiras conversas sobre como encerrar o conflito de três anos, também disse que levaria tempo para marcar uma cúpula com Trump, que ambos os homens disseram querer.
“Mas estamos em uma situação tal que não é suficiente nos encontrarmos para tomar chá, café, sentar e conversar sobre o futuro”, disse Putin em comentários televisionados.
“Precisamos garantir que nossas equipes preparem questões que são extremamente importantes tanto para os Estados Unidos quanto para a Rússia, incluindo -- mas não apenas -- a questão ucraniana, a fim de chegar a soluções aceitáveis para ambos os lados”, disse ele.
(Reportagem de Olena Harmash, Tom Balmforth, Anastasiia Malenko, Max Hunder in Kyiv, Yuliia Dysa em Gdansk, Vitalii Hnidyi e Valentyn Orirenko em Novopavlivka, Doina Chiacu em Washington)