UE aguarda esclarecimentos dos EUA sobre ameaça de tarifa de 50% de Trump

Publicado 23.05.2025, 13:55
Atualizado 23.05.2025, 14:00
© Reuters. Modelo em miniatura impresso em 3D retratando o presidente dos EUA, Donald Trump, com a bandeira da União Europeia e a palavra "Tarifas"n17/04/2025nREUTERS/Dado Ruvic/Imagem ilustrativa

Por Philip Blenkinsop

BRUXELAS (Reuters) - A Comissão Europeia solicitou esclarecimentos aos Estados Unidos depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, recomendou nesta sexta-feira a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos da União Europeia a partir de 1º de junho, com algumas autoridades europeias vendo a ameaça como uma manobra de negociação.

A Comissão, que supervisiona a política comercial dos 27 países da União Europeia, disse que não faria comentários até depois de uma ligação entre o comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, nesta tarde.

Os principais índices de ações caíram, o dólar cedeu em relação às principais moedas e o euro reduziu os ganhos após o anúncio de Trump sobre tarifas da UE e uma possível taxa de 25% sobre iPhones da Apple (NASDAQ:AAPL) fabricados fora dos EUA.

"Com Trump, nunca se sabe, mas isso seria uma grande escalada", disse Holger Schmieding, economista-chefe da Berenberg. "A UE teria que reagir, e isso prejudicaria muito a economia americana e europeia."

A ameaça tarifária ocorre em um momento em que as negociações estão paralisadas, com Washington exigindo concessões unilaterais de Bruxelas para se abrir aos negócios dos EUA, enquanto a UE busca um acordo em que ambos os lados possam ganhar, de acordo com pessoas familiarizadas com as negociações.

Alguns viram a ameaça como uma tática de negociação, anunciada poucas horas antes da ligação entre Sefcovic e Greer. Essa foi a opinião do vice-ministro da Economia polonês, Michal Baranowski, cujo país ocupa a presidência rotativa da UE.

"A União Europeia e os Estados Unidos estão negociando", disse Baranowski a repórteres à margem de uma reunião em Bruxelas, acrescentando que as negociações podem durar até o início de julho.

"O fato de vermos algumas declarações importantes no domínio público não significa que elas se traduzirão em ações do governo dos EUA", disse ele.

O primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, disse que a UE manteria o caminho escolhido.

"Vimos que as tarifas podem aumentar e diminuir nas negociações com os EUA", afirmou ele a repórteres em Haia.

A UE já enfrenta tarifas de importação de 25% dos EUA sobre aço, alumínio e carros, além das chamadas tarifas "recíprocas" de 10% para quase todos os outros produtos, uma taxa que deveria aumentar para 20% após o término da pausa de 90 dias, em 8 de julho.

O ministro do Comércio francês, Laurent Saint-Martin, disse que as novas ameaças de Trump não ajudaram em nada nas negociações.

"Estamos mantendo a mesma linha: redução da tensão, mas estamos prontos para responder", escreveu ele no X.

O ministro das Relações Exteriores italiano, Antonio Tajani, disse à agência de notícias italiana ANSA que o objetivo continua sendo "tarifas zero por zero".

LISTA DE EXIGÊNCIAS

Na semana passada, Washington enviou a Bruxelas uma lista de exigências para reduzir o déficit comercial de bens dos EUA, incluindo as chamadas barreiras não tarifárias, como a adoção de padrões de segurança alimentar dos EUA e a remoção de impostos nacionais sobre serviços digitais, de acordo com pessoas familiarizadas com o documento.

A resposta da UE foi oferecer um acordo mutuamente benéfico, que poderia incluir ambos os lados adotando tarifas zero sobre produtos industriais e a UE potencialmente comprando mais gás natural liquefeito e soja, além de cooperação em questões como excesso de capacidade de aço, que ambos os lados atribuem à China.

A ligação entre Sefcovic e Greer foi planejada como um acompanhamento dessas trocas e antes de uma possível reunião no início de junho em Paris.

Robert Sockin, economista global sênior do Citigroup (NYSE:C), disse acreditar que Trump estava tentando levar a UE à mesa de negociações.

"Com uma tarifa de 50%, haveria uma previsão de recessão para a Europa, mas duvido que ela seja implementada", disse.

Washington afirma que as tarifas visam compensar o déficit dos EUA no comércio de bens com a União Europeia, que foi de quase 200 bilhões de euros (US$226,48 bilhões) no ano passado, segundo a agência de estatísticas da UE, a Eurostat. No entanto, os Estados Unidos têm um grande superávit comercial com a UE em serviços.

A Comissão Europeia disse repetidamente que prefere uma solução negociada, mas está pronta para usar contramedidas se as negociações falharem.

O bloco implementou, mas depois suspendeu, taxas sobre 21 bilhões de euros em importações anuais dos EUA em resposta às tarifas norte-americanas sobre metais. Além disso, a UE compilou uma lista de 95 bilhões de euros em produtos dos EUA como contramedidas às tarifas "recíprocas" e de automóveis.

(Reportagem de Philip Blenkinsop, Jan Strupczewski e Bart Meijer, Leigh Thomas em Paris)

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