(Reuters) - A União Europeia está considerando uma proposta que permitiria ao Banco Agrícola da Rússia criar uma subsidiária para se reconectar à rede financeira global como uma solução para Moscou, informou o Financial Times nesta segunda-feira.
Com o banco sob sanções, a medida visa salvaguardar o acordo de grãos do Mar Negro que permite à Ucrânia exportar alimentos para os mercados globais, disse o jornal.
A Comissão Europeia não fez comentários, enquanto o Kremlin disse que não tinha nada a anunciar sobre a implementação do acordo, em resposta a questionamento sobre a reportagem nesta segunda-feira.
As Nações Unidas e a Turquia intermediaram a Iniciativa de Grãos do Mar Negro em julho passado para ajudar a enfrentar uma crise alimentar global agravada pela invasão de Moscou à Ucrânia, um dos principais exportadores mundiais de grãos. O acordo tinha um período inicial de 120 dias e foi prorrogado três vezes, mas deve expirar no final deste mês.
Mais de 32 milhões de toneladas, principalmente milho e trigo, foram exportadas pela Ucrânia sob o acordo.
Moscou reiterou nesta segunda-feira que está pessimista sobre as perspectivas de renovação do acordo porque nenhum progresso foi feito na implementação de compromissos relacionados às exportações russas.
Houve pouca reação imediata da notícia nos mercados globais de grãos nesta segunda-feira, com os preços do trigo praticamente inalterado.
"Há uma crença geral no mercado de que o acordo de embarques ucranianos não será estendido a menos que a Rússia obtenha concessões substantivas", disse um trader europeu de grãos.
"Facilitar as sanções bancárias seria um método rápido de dar algo à Rússia", disse o trader, acrescentando que ainda há muitas dúvidas sobre se o acordo será estendido.
A Rússia disse na semana passada que não vê razão para estender o acordo de grãos porque o Ocidente agiu de forma "ultrajante" sobre o acordo, embora tenha garantido aos países pobres que as exportações russas de grãos continuariam.
O plano de Moscou, proposto por meio de negociações mediadas pela ONU, permitiria que a unidade do banco lidasse com pagamentos relacionados às exportações de grãos, disse o jornal, citando fontes não identificadas.
A nova unidade teria permissão para usar o sistema de mensagens financeiras globais SWIFT, que foi fechado para os maiores bancos russos após a invasão russa da Ucrânia, acrescentou.
Respondendo à reportagem do Financial Times, o embaixador geral do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Olha Trofimtseva, disse que a UE queria "facilitar de alguma forma o acordo de grãos".
Além da restauração do acesso ao SWIFT, a Rússia também busca a retomada do fornecimento de maquinário e peças agrícolas, bem como a remoção de restrições a seguros e resseguros.
(Reportagem de Jahnavi Nidumolu em Bangalore; Reportagem adicional de Pavel Polityuk em Kiev, Michael Hogan em Hamburgo e Gabriela Baczynska em Bruxelas e Nigel Hunt em Londres)