CHICAGO (Reuters) - A safra de soja do Brasil 2023/24 foi estimada nesta sexta-feira em recorde de 161 milhões de toneladas, de acordo com número divulgado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que reduziu em 2 milhões de toneladas sua previsão ante o dado de novembro.
O USDA citou calor intenso e falta de chuva nos últimos meses em Mato Grosso e Nordeste para reduzir estimativa.
Os comerciantes de grãos estão monitorando a safra do Brasil, já que o país é o maior fornecedor mundial de soja e os estoques estão apertados nos EUA, um produtor rival.
Os analistas esperavam, em média, uma estimativa de 160,16 milhões de toneladas, segundo pesquisa da Reuters.
As regiões centrais e norte do país enfrentaram altas temperaturas, enquanto as áreas do sul sofreram com chuvas excessivas, antes de o clima indicar uma melhora em dezembro.
"A safra brasileira ainda não está tão prejudicada", disse Ted Seifried, estrategista-chefe de mercado da Zaner Ag Hedge. "Se o tempo se tornar mais normal, como sugerem as previsões meteorológicas, então talvez não seja uma catástrofe."
A perspectiva do USDA ainda supera a safra anterior (2022/23) do Brasil, a qual o departamento dos EUA revisou de 158 milhões para 160 milhões de toneladas.
Com o ajuste na safra anterior, o USDA passou a ver um estoque inicial maior para o Brasil em 2023/24, de 35,35 milhões de toneladas, versus 33,44 milhões na previsão de novembro.
Dessa forma, apesar de ter reduzido a previsão da safra 23/24, o USDA elevou a projeção de exportação do país no período para 99,50 milhões de toneladas, ante 97,5 milhões na projeção de novembro, também em um recorde acima das 95,5 milhões de toneladas da temporada anterior.
O ajuste do USDA para a safra nova, que está sendo plantada no Rio Grande do Sul, mas já tem áreas em estágios mais avançados em Mato Grosso, foi feito após a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduzir na quinta-feira sua previsão de produção de soja para 160,2 milhões de toneladas, de 162,4 milhões de toneladas em novembro.
Consultorias privadas também têm reduzido suas projeções nas últimas semanas. Nesta sexta-feira, a Cogo Inteligência em Agronegócio apontou a safra brasileira em recorde de 160 milhões de toneladas, queda de cerca de 4 milhões de toneladas na comparação com a previsão do mês passado.
Já a Safras & Mercado afirmou, pouco antes da divulgação do USDA, que a estimativa da colheita brasileira havia sido revisada para 158,23 milhões de toneladas, queda de 1,95% ante a estimativa anterior.
O USDA ainda elevou sua previsão para importações de soja pela China em 23/24 para 102 milhões de toneladas, versus 100 milhões na previsão do mês anterior, superando as 100,85 milhões da safra passada.
MILHO
A Conab ainda estimou a safra de milho do Brasil em 118,5 milhões de toneladas, abaixo da previsão anterior de 119,1 milhões de toneladas, diante de um atraso na safra de soja no Centro-Oeste que vai impactar a "safrinha".
Já o USDA estimou a safra de milho do Brasil em 129 milhões de toneladas, inalterada em relação à estimativa de novembro. Os analistas esperavam que o USDA reduzisse a sua previsão para 127 milhões de toneladas.
(Por Tom Polansek, com reportagem adicional de Karl Plume e Roberto Samora, em São Paulo)