Por Martin Quin Pollard e Brenda Goh
PEQUIM (Reuters) - A China anunciou nesta quarta-feira as mudanças mais radicais em seu rígido regime anti-Covid desde o início da pandemia, três anos atrás, afrouxando regras que restringiam a propagação do vírus, mas prejudicaram a segunda maior economia do mundo e provocaram protestos.
O relaxamento das regras, que incluem permitir que pessoas infectadas com sintomas leves ou inexistentes fiquem em quarentena em casa e suspender os testes para pessoas que viajam dentro do país, é o sinal mais forte de que Pequim está preparando sua população para conviver com a doença.
Muitas das mudanças anunciadas pela Comissão Nacional de Saúde refletem medidas já tomadas em várias cidades e regiões nos últimos dias, após protestos contra os controles da Covid que foram a maior demonstração de descontentamento público desde que o presidente Xi Jinping chegou ao poder em 2012.
Mesmo assim, os cidadãos aplaudiram a perspectiva de uma mudança que pode fazer com que a China volte lentamente ao mundo três anos após o surgimento do vírus na cidade central de Wuhan no final de 2019.
O anúncio de quarta-feira subiu rapidamente para o tópico mais visto na plataforma chinesa Weibo, com muitas pessoas esperando um retorno à normalidade após uma série de lockdowns de semanas que levaram sofrimento mental a dezenas de milhões.
"É hora de nossas vidas voltarem ao normal e da China voltar ao mundo", escreveu um usuário do Weibo.
Alguns investidores também saudaram a mudança que pode revigorar a economia e a moeda chinesa em declínio e impulsionar o crescimento global.
"Esta mudança de política é um grande passo à frente", disse Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management. "Espero que a China reabra totalmente sua fronteira até meados de 2023."
As empresas estrangeiras na China também esperam que as medidas possam marcar uma mudança para uma abertura mais ampla e um alívio nas restrições de viagens.
“Precisamos que o ambiente de negócios aqui retorne a um nível de previsibilidade em que as empresas possam retornar às operações normais”, disse Colm Rafferty, presidente da Câmara Americana de Comércio na China, em comunicado.
Mas porta-voz da Comissão Nacional de Saúde Mi Feng disse em entrevista coletiva que qualquer mudança nas medidas relacionadas às viagens seria "gradual".