Por Susan Heavey
WASHINGTON (Reuters) - O número crescente de mortes por coronavírus nos Estados Unidos atenuou o entusiasmo com uma vacina contra Covid-19 a caminho, uma vez que se estima o mesmo número de óbitos dos ataques de 11 de setembro de 2001 todos os dias pelos próximos meses, mesmo com uma distribuição rápida de inoculações possivelmente já a partir de segunda-feira.
Mais 2.902 mortes foram relatadas no país na quinta-feira, um dia depois de um recorde de 3.253 óbitos, um ritmo que se calcula que continuará pelos próximos dois ou três meses até a vacina ser distribuída amplamente.
Estas cifras diárias são aproximadamente equivalentes às 2.996 pessoas mortas nos ataques de 11 de Setembro e maiores do que as 2.403 que pereceram no ataque de 1941 a Pearl Harbor -- acontecimentos traumáticos que remodelaram os EUA durante anos.
"Nos próximos 60 a 90 dias, provavelmente teremos mais mortes por dia do que tivemos no 11 de Setembro ou do que tivemos em Pearl Harbor", disse Robert Redfield, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), ao Conselho de Relações Externas do Congresso na quinta-feira.
"A realidade é que a aprovação da vacina nesta semana não impactará muito isso, acho, em nenhuma medida nos próximos 60 dias", opinou Redfield.
A Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) está mais perto de aprovar o uso emergencial da vacina contra coronavírus desenvolvida pela Pfizer e por sua parceira alemã BioNTech.
"A FDA informou a Pfizer de que pretende proceder a uma autorização para sua vacina", disse Alex Azar, secretário da Saúde e de Serviços Humanos, à rede ABC News nesta sexta-feira.
"Trabalharemos com a Pfizer para que isso seja transportado de forma que possamos ver as pessoas sendo vacinadas na segunda ou terça-feira", disse Azar.
Reino Unido e Canadá já aprovaram a vacina da Pfizer, e a comissão de aconselhamento dos EUA deve analisar a vacina da Moderna Inc MRNA.O na semana que vem. Outras candidatas a vacina estão em desenvolvimento.
Profissionais de saúde, socorristas e moradores de casas de repouso devem receber as primeiras doses, mas uma distribuição mais abrangente enfrenta desafios logísticos consideráveis para se cumprir a meta do presidente eleito, Joe Biden, de vacinar 100 milhões de pessoas nos primeiros 100 dias de seu governo, que começa em 20 de janeiro.
"Não será como um interruptor de luz liga e desliga. Será mais como um interruptor rotativo", disse o doutor Mark Mulligan, diretor do Centro de Vacinação de Saúde Langone da Universidade de Nova York e um dos principais investigadores dos testes da Pfizer.
Michael Osterholm, membro da comissão de aconselhamento para o coronavírus de Biden, disse à CNN que meses se passarão até a nação ver uma disponibilidade ampla de vacinas.
(Por Susan Heavey, Ankur Banerjee, Anurag Maan e Daniel Trotta)