Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) -O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta sexta-feira que o atraso no envio do insumo farmacêutico ativo (IFA) da CoronaVac, vacina contra Covid-19 do laboratório chinês Sinovac (NASDAQ:SVA), ao Instituto Butantan se deve a uma questão "contratual", o que levou a entidade vinculada ao governo de São Paulo a reiterar que não há problemas no contrato com a farmacêutica, mas uma demora na autorização de exportação pelo governo da China.
Em cerimônia no Rio de Janeiro para vacinação de atletas que representarão o Brasil na Olimpíada de Tóquio neste ano, Queiroga negou ainda que existam problemas diplomáticos entre Brasil e China.
"Temos relações muito boas com todos os países, inclusive com a China, que é um parceiro comercial importante do Brasil... Já me reuni duas ou três vezes com o embaixador (da China no Brasil Yang) Wanming e não há nenhum problema diplomático do Brasil com a China", disse Queiroga em cerimônia no Rio de Janeiro para vacinação .
"A questão do Butantan com a China é contratual e espero que o suprimento ocorra normalmente para que produção se regularize e para que tenhamos a CoronaVac como acontece desde o começo do ano", acrescentou o ministro.
Nesta sexta, o Butantan entregou um lote de 1,1 milhão de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde e paralisou sua produção devido à falta de IFA importado da China para o envase de doses.
Em nota, o Butantan negou problemas contratuais com a Sinovac e apontou as declarações recentes de autoridades do governo federal contrárias à China como possíveis responsáveis pela demora na liberação de autorização de exportação do IFA por Pequim.
"O Instituto Butantan esclarece que não há qualquer entrave relativo à disponibilização de IFA ao Butantan por parte da biofarmacêutica Sinovac", disse o instituto em nota.
"Há mais cerca de 10 mil litros (de IFA) --correspondentes a aproximadamente 18 milhões de doses-- à disposição, aguardando autorização de embarque por parte do governo chinês. Questões referentes à relação diplomática Brasil x China, incluindo recentes declarações de autoridades federais brasileiras, podem, sim, estar interferindo diretamente no cronograma de liberação de novos lotes de insumos."
Mais cedo, em entrevista coletiva antes da fala de Queiroga, o presidente do Butantan, Dimas Covas, também afirmou que não existem problemas contratuais com a Sinovac.
"Do ponto de vista da nossa relação contratual com a Sinovac não temos nenhum problema. O problema é a liberação, que tem que ser o mais rápido possível", afirmou na ocasião.
(Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São PauloEdição de Alexandre Caverni e Maria Pia Palermo)