BRASÍLIA (Reuters) - A rejeição ao presidente Jair Bolsonaro subiu e atingiu 51% em julho, mostrou pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, maior índice registrado pelo instituto desde o início de seu mandato.
Em maio, o governo Bolsonaro era avaliado como ruim e péssimo por 45% dos entrevistados. O levantamento também apontou uma estabilidade da avaliação positiva do presidente, e manteve os 24% registrados em maio. Aqueles que o consideram regular passaram de 30% para 24%.
A pesquisa divulgada nesta quinta foi realizada presencialmente entre os dias 7 e 8 de julho, e já captou possíveis repercussões das denúncias de suposta corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19, a atuação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que apura a gestão do governo no combate à pandemia e ainda os protestos em diversas cidades do país pedindo a saída do presidente, entre outras demandas.
Bolsonaro acabou sendo arrastado para o foco das investigações da CPI ao ser citado em depoimento do deputado Luis Miranda (DEM-DF). O parlamentar sustenta ter apresentado pessoalmente a Bolsonaro no Palácio da Alvorada indícios de irregularidades na compra da vacina indiana contra a Covid-19 Covaxin, ocasião em que o presidente teria relacionado o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), com as supostas ilegalidades.
O fato de Bolsonaro não ter formalmente determinado uma investigação foi levado por senadores ao Supremo Tribunal Federal (STF), por possível crime de prevaricação, e a Procuradoria-Geral da República (PGR), pediu a abertura de inquérito contra o presidente.
Bolsonaro ainda não negou as declarações, transcorridos 13 dias, postura que foi objeto de carta encaminhada nesta quinta pela cúpula da CPI ao Palácio do Planalto pedindo uma resposta.
A pesquisa Datafolha entrevistou 2.074 pessoas acima de 16 anos em 146 municípios e tem margem de erro de 2 pontos percentuais.
VISÃO NEGATIVA
O Datafolha também mostrou uma visão majoritariamente negativa sobre uma série de características pessoais do presidente.
Para 57% dos entrevistados, Bolsonaro é indeciso, contra 41% que o consideram decidido. Em junho do ano passado, quando a mesma pergunta foi feita, essa relação estava em 53% a 46%.
A maioria dos entrevistados, 57%, também consideram o presidente pouco inteligente, enquanto 39% o veem como muito inteligente --em junho de 2020 eram 54% a 40%.
Para o questionamento se ele é falso ou sincero, houve uma inversão em relação ao levantamento anterior. Agora 55% acham Bolsonaro falso, enquanto 39% o consideram sincero. Em junho do ano passado, os que viam o presidente como falso eram 46% e os que consideravam sincero eram 48%.
Já sobre ser autoritário, as variações se deram dentro da margem de erro. Para 66%, o presidente é autoritário (ante 64%), enquanto 28% dizem que ele é democrático (ante 30%).
Em relação ao preparo do presidente, o Datafolha mostrou que 62% o consideram despreparado (ante 58%), ao passo que 34% acham que ele é preparado (ante 38%).
Uma variação mais forte é vista na questão sobre competência. Para 58%, ele é incompetente (ante 52%), enquanto 36% acham que é competente (ante 44%).
Outra inversão se dá sobre a honestidade do presidente. Agora, 52% acham que ele é desonesto (ante 40% em junho do ano passado) e 38% o consideram honesto (ante 48%).
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)