CriptoFácil - As criptomoedas perderam a batalha para tornar-se dinheiro, de acordo com Agustin Carstens, chefe do Banco de Compensações Internacionais (BIS). De acordo com o executivo, o Bitcoin (BTC) e seus similares não são fontes confiáveis o bastante para servir como meio de troca comum.
Em entrevista à Bloomberg TV, Carstens argumentou que a tecnologia não pode ser uma fonte confiável de dinheiro e disse que o debate sobre o mesmo já terminou. Ao mesmo tempo, o executivo falou que quem venceu essa disputa foram as moedas digitais de bancos centrais (CBDC).
Carstens afirmou que o fundamento legal e histórico que apóia os bancos centrais. Ou seja, o fato de que essas instituições já emitem dinheiro há décadas ou até séculos. O executivo afirma que os bancos centrais passaram no teste do tempo e, por isso, ganharam a confiança da população. Isso confere credibilidade significativa à moeda.
No entanto, Carstens não fez menção ao fato de que o BTC ganhou força em muitos países exatamente pela falta de confiança na moeda. Cidadãos do Líbano, Nigéria e Venezuela, por exemplo, não enxergam em seus bancos centrais a “confiança” para produzir um dinheiro sólido e forte.
“Criptomoedas perderam”, diz Carstens
Na entrevista, Carstens mencionou que espera uma declaração contundente do Grupo dos 20 sobre a necessidade de mais regulamentação na indústria de criptomoedas. O objetivo, conforme explicou, é dar mais controle e “proteção” contra fraudes e golpes.
De acordo com Carstens, as criptomoedas são produtos financeiros que só podem prosperar “sob circunstâncias específicas”. Isto é, defendeu maiores restrições à liberdade dos cidadãos poderem transacionar ou até comprar BTC e outras criptomoedas.
Durante seu discurso na Autoridade Monetária de Cingapura, O executivo recomendou que as CBDCs e os depósitos tokenizados podem melhorar a eficiência do sistema bancário. O mesmo argumento partiu do Banco da Inglaterra após este anunciar a intenção de lançar a “libra digital”.
Carstens sugeriu estabelecer uma única rede blockchain por meio de uma colaboração público-privada em que o banco central possa reforçar a confiança nos CBDCs.
Recentemente, o BIS emitiu um relatório polêmico no qual afirmou que os investidores de criptomoedas sofreram perdas nos últimos sete anos. O relatório ignora a forte valorização de quase 10.000% que o BTC experimentou no mesmo período, mesmo com a correção de preços em 2022.
Na mira dos reguladores
O ano de 2022 foi um dos piores para a indústria de criptomoedas, marcado pelo colapso de empresas gigantes, golpes e um número infindável de falências. Entre os principais casos estão o da blockchain Terra, que faliu em maio, e a FTX, que declarou falência em novembro.
O colapso da FTX em novembro do ano passado causou ondas de choque em toda a indústria, fazendo o mercado perder mais de US$ 2 trilhões em valor. Mas 2023 começou de forma mais positiva, registrando o melhor janeiro para o BTC em dez anos, em termos de valorização no preço.