Por Marco Oehr
Investing.com – Já se passou um ano inteiro desde que El Salvador se tornou o primeiro país do mundo a adotar o Bitcoin como moeda legal. O presidente Nayib Bukele foi criticado por esse passo não apenas em seu próprio país, mas também pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial.
O Bitcoin perdeu parte de seu valor nos últimos 12 meses e parece que os críticos estão certos. O novo meio de pagamento deveria permitir que mais de 60 por cento das pessoas que não têm conta bancária acedam ao mercado financeiro.
Segundo o presidente, a carteira Chivo especialmente desenvolvida foi baixada mais de 4 milhões de vezes. Com esta plataforma pretendia-se substituir as transações em dólar, para que se perdesse menos dinheiro nos bancos. Mas esta abordagem parece ter falhado.
De acordo com o ex-presidente do banco central Carlos Acevedo, nem dois por cento das transferências são processadas pela carteira. A forte queda da taxa de câmbio fez com que o interesse do público pelos novos meios de pagamento esmorecesse.
Bukele explicou à população no verão que eles não devem olhar constantemente para a evolução dos preços, porque no longo prazo o BTC será, sem dúvida, um bom investimento.
Esta é uma afirmação compartilhada por muitos profissionais, mas a questão é se El Salvador viverá para vê-la. Desde a introdução do bitcoin como meio de pagamento, o FMI bloqueou um empréstimo prometido de US$ 1,3 bilhão. A dívida nacional ultrapassou a marca de 80 por cento do PIB e o país está ameaçado de insolvência.
A agência de classificação Moody's calculou que o experimento do Bitcoin já custou a El Salvador US$ 375 milhões. E pode ficar muito pior.
Michael Burry acredita que uma crise econômica no nível de 2008 está se aproximando, já que a alta inflação global forçará os bancos centrais a tomar medidas extremas. Não foi à toa que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse no Simpósio de Jackson Hole que as famílias e a economia devem se ajustar a um período de dificuldades.
Isso não é um bom presságio para ativos arriscados, como criptomoedas.