Por Elizabeth Howcroft e Hannah Lang
LONDRES (Reuters) - As empresas de criptomoedas têm lutado para encontrar parceiros bancários após o colapso de três instituições amigáveis ao setor nos Estados Unidos no mês passado, criando um risco de que seus negócios se concentrem em instituições financeiras menores.
O cenário preocupa os reguladores norte-americanos, que têm expressado dúvidas sobre a segurança e a solidez dos modelos de negócios bancários altamente focados em clientes de cripto após os colapsos de Silvergate, Signature Bank e Silicon Valley Bank.
Os reguladores também disseram aos bancos para ficarem atentos aos riscos de liquidez provenientes de depósitos relacionados a criptomoedas, que podem estar sujeitos a saídas rápidas se os clientes tentarem trocar seus criptoativos por dinheiro real.
Um porta-voz do FV Bank, um banco focado em fintechs, disse que viu um aumento nas consultas de clientes em potencial nas últimas semanas, embora não seja segurado pela FDIC, a agência norte-americana que atua nas garantias de depósitos bancários. O banco empresta e, portanto, não está sujeito ao mesmo tipo de riscos que os bancos tradicionais que operam em um sistema de reservas fracionárias, disse um porta-voz.
Em Liechtenstein, um porta-voz do Bank Frick disse que também houve um "aumento significativo nos pedidos de abertura de contas", com a maior parte das consultas vindo de empresas da Europa, de Cingapura e da Austrália.
No entanto, o banco não está focado apenas em criptoativos e possui um modelo de negócios amplamente diversificado, disse o porta-voz.
Nikki Johnstone, do escritório de advocacia Allen and Overys, disse que o "risco de concentração" que vem de um número crescente de clientes que buscam negócios em empresas menores é o "maior desafio" ao se reduzir as opções bancárias de ativos digitais.
"Claro que o lema é 'vamos substituir os bancos', mas, antes de tudo, ainda não chegamos lá e acho que nunca chegaremos lá", disse Paolo Ardoino, diretor de tecnologia do Tether, a maior stablecoin por capitalização de mercado, cujas reservas já foram objeto de pressão regulatória dos investidores.
(Reportagem adicional de Mehnaz Yasmin e Georgina Lee)