Investing.com – Com a expectativa de que cortes de juros no mercado americano possam fomentar o apetite a risco dos investidores, outros fatores podem levar a uma apreciação das criptomoedas ainda neste ano, segundo a Bitso.
“Além das decisões dos bancos centrais, outros fatores como possíveis novos ETFs, a aprovação de novas regulamentações, o avanço de projetos de infraestrutura blockchain, o lançamento de novos produtos e serviços, assim como eventos geopolíticos podem influenciar o mercado de criptomoedas”, destacou Bárbara Espir, Country Manager da Bitso no Brasil, que concedeu entrevista ao Investing.com Brasil.
Bárbara Espir atuava como VP do Jurídico Latam e foi a primeira brasileira a ser contratada na Bitso, no ano de 2019, com atuação na expansão da companhia na Argentina, Colômbia e Brasil.
Maior segurança e interesse de investidores institucionais também são fatores que favorecem o ecossistema, segundo a especialista. “No Brasil, acompanhamos de perto e colaboramos com as autoridades e órgãos reguladores em relação aos avanços do Marco Legal dos Criptoativos e as iniciativas do Banco Central para regulamentar o setor. Essas medidas podem trazer mais segurança jurídica e estimular o crescimento do mercado”, completa.
Veja a entrevista:
Inv.com – Quais são as perspectivas da Bitso para o cenário de criptomoedas após um eventual corte de juros pelo Fed?
Bárbara Espir – O preço das criptomoedas é determinado pela lei da oferta e demanda, porém acaba sendo influenciado por diversos fatores. Historicamente, vimos uma correlação entre o desempenho das criptos e o apetite por risco dos investidores. Isso significa que um cenário de juros mais baixos pode estimular a busca por ativos de maior risco, como as criptos. No entanto, é importante lembrar que outros fatores como a regulamentação, a macroeconomia global, fenômenos geopolíticos, o desenvolvimento tecnológico também exercem um papel fundamental.
Na Bitso, acompanhamos de perto esses movimentos e acreditamos que o mercado de criptomoedas continuará a se desenvolver e amadurecer, sendo uma importante ferramenta de inclusão financeira e diversificação de investimentos.
Inv.com – Quais são os outros movimentos que podem afetar as criptomoedas até o final deste ano?
Espir – Além das decisões dos bancos centrais, outros fatores como possíveis novos ETFs, a aprovação de novas regulamentações, o avanço de projetos de infraestrutura blockchain, o lançamento de novos produtos e serviços, assim como eventos geopolíticos podem influenciar o mercado de criptomoedas.
No Brasil, acompanhamos de perto e colaboramos com as autoridades e órgãos reguladores em relação aos avanços do Marco Legal dos Criptoativos e as iniciativas do Banco Central para regulamentar o setor. Essas medidas podem trazer mais segurança jurídica e estimular o crescimento do mercado.
O mercado está testemunhando um ambiente positivo, ampliando as oportunidades de investimento e atraindo mais investidores institucionais. Isso tem impulsionado a maior adoção e o interesse renovado por criptomoedas e tecnologias relacionadas.
Acreditamos que inovações como o Drex, o crescimento do uso de stablecoins, a diversificação de casos de uso, a expectativa do próximo 'verão cripto' também podem trazer novas oportunidades e avanços no setor nos próximos meses.
Inv.com – Acreditam em tendências baixistas/altistas/há um alvo?
Espir – É difícil fazer previsões precisas pois, como comentei anteriormente, o mercado de criptomoedas é influenciado por diversos fatores. No entanto, temos percebido que os investidores brasileiros estão cada vez mais focados em estratégias de holding. A Bitso divulgou há poucos dias o relatório 'Panorama Cripto na América Latina' que mostrou que, em média, 60% da carteira do investidor brasileiro é composta por bitcoin, 18% por altcoins, 9% por ether, 6% por stablecoins e o restante é dividido entre um pouco de XRP e moeda fiat. Mas quando você olha quem comprou mais bitcoin não foi o Brasil. Isso mostra que há uma tendência ao holding. De fato, quando analisamos a variação do portfólio para o semestre anterior, vimos que a posse de bitcoin e de ether aumentou.
A pouca diversificação das carteiras em torno a ativos mais líquidos, como moeda fiat e stablecoins, e a alta concentração em bitcoin e altcoins nos sinaliza que os brasileiros têm adotado uma estratégia patrimonial voltada a ganhos maiores no longo prazo, ainda que seja em ativos com maior volatilidade e, portanto, com maior disposição ao risco.
Na Bitso, acompanhamos essas movimentações de perto e acreditamos que os ativos digitais têm um futuro promissor, com mais pessoas utilizando-os como parte de suas estratégias financeiras.
Inv.com – Além das principais criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, quais merecem destaque para o investidor ficar de olho neste segundo semestre?
Espir – O mercado de criptomoedas é muito dinâmico e novas moedas surgem o tempo todo. Além do Bitcoin e do Ethereum, que são as mais conhecidas, existem diversas outras com projetos interessantes e que podem apresentar um bom potencial de crescimento.
No nosso relatório 'Panorama Cripto na América Latina', identificamos que os latinoamericanos estão diversificando cada vez mais suas carteiras. O relatório mostrou que a Solana tem ganhado popularidade na região, devido à sua alta velocidade de transação e baixas taxas. E é também a blockchain preferida para as memecoins, que estão em alta principalmente aqui no Brasil. O Pepe, por exemplo, foi a segunda cripto mais comprada no Brasil, só ficou atrás do btc, e representou 13% do total de compras do último semestre.
O relatório também apontou que o bitcoin continua a dominar as carteiras cripto na América Latina, sendo a criptomoeda mais popular entre os usuários da região. Destaque para o Brasil, que tem a maior adoção de todos os países, onde o ativo teve um aumento de 2 pontos percentuais em relação ao semestre anterior e já representa 60% do portfólio médio. Este número reflete a percepção do BTC como uma reserva de valor consolidada no país.
O Brasil também possui a maior concentração de altcoins da região, representando 18% das carteiras. Em toda a região, Solana ganhou popularidade tanto para realizar operações (devido à sua rapidez e baixas comissões) quanto para investimento, e tokens como pepe têm ganhado força.
Inv.com – Quais suas principais estratégias para expansão da atuação da Bitso no Brasil?
Espir – O cliente está à frente de toda a nossa estratégia. Buscamos conhecê-los cada vez mais para atender sempre da melhor forma as necessidades tanto dos nossos usuários individuais, quanto das empresas que atendemos via nosso segmento Bitso Business. Posso resumir o plano de ação em três grandes pilares:
Em produtos, vamos continuar aperfeiçoando nossos fluxos e produtos para que sejam cada vez mais inovadores e acessíveis. Hoje, nossos clientes já têm acesso a muito mais do que uma exchange. O app da Bitso é uma conta de pagamento, onde os usuários podem fazer PIX a terceiros, realizar pagamentos e cobranças, sacar dinheiro em caixas eletrônicos, entre outros benefícios. Para os clientes corporativos globais que desejam expandir suas operações ao mercado brasileiro, a partir de uma simples integração à API PIX da Bitso Business, já podem ter acesso aos serviços instantâneos de pay-in e payout e conversão automática. Esse é o objetivo: oferecer de forma eficiente produtos simples que atendam às principais necessidades das pessoas e das empresas.
Em educação, para nós, contribuir com a educação financeira é uma prioridade. Usamos todos os nossos canais para informar os clientes e ajudá-los a não cair em golpes. Além disso, auxiliamos nossos clientes no momento em que estão fazendo transações, através de mensagens, para evitar que eles sejam induzidos por fraudadores.
Em regulação e segurança, é nossa obrigação proporcionar confiança e transparência aos usuários. A Bitso possui uma operação regulamentada de ponta a ponta. Possuímos diferentes licenças e cumprimos com todas as regulamentações das jurisdições onde atuamos, onde também estamos sujeitos a auditorias constantes por parte dos reguladores. Além disso, mantemos altos padrões de monitoramento e resposta, com equipes dedicadas e especializadas, amparadas por ferramentas avançadas de monitoramento, investigação e remediação de casos relacionados a prevenção a fraudes, lavagem de dinheiro e processos estruturados de KYC.
Inv.com – Quais as principais características do investidor em criptomoedas brasileiro hoje, que os diferenciam dos demais? Como pretendem atuar com foco nesses diferenciais?
Espir – O brasileiro é um entusiasta por novas tecnologias e quando trazemos isso para o mercado financeiro, vemos que há um engajamento e interesse crescentes por projetos inovadores e ganhos de longo prazo, mesmo que isso represente um maior risco.
Só no primeiro semestre deste ano, o número de usuários brasileiros na Bitso aumentou 18%. Foi o país onde a Bitso mais cresceu neste período. Também temos crescido exponencialmente no segmento B2B. Em 2023, triplicamos o número de clientes institucionais ativos no país.
Para atender esse público, focamos em oferecer uma plataforma intuitiva e segura, com diversas funcionalidades que facilitam a vida dos nossos clientes. Unimos toda experiência da Bitso atuando há 10 anos na América Latina, utilizamos nossa tecnologia global e aplicamos localmente, desenvolvendo produtos que façam sentido para o nosso mercado local e sempre cumprindo com os requisitos regulatórios locais.
Acreditamos que o futuro dos serviços financeiros é descentralizado e que as criptomoedas têm um papel fundamental nesse processo. Nossa missão é democratizar o acesso a serviços financeiros e conectar as pessoas às oportunidades que a economia digital oferece.