Pela terceira vez em janeiro, a sorte voltou a sorrir para um minerador solo, que encontrou a recompensa inteira de um bloco de Bitcoin (BTC). Desta vez, no entanto, o feito foi ainda mais impressionantes, pois ele conseguiu isso usando apenas uma USB Rig.
De acordo com o site Tom’s Hardware, o minerador possuía um conjunto de nove USB Rigs, que tinha apenas 86 TH/s (terahashes por segundo). Contudo, isso foi suficiente para render-lhe uma recompensa equivalente a R$ 1,2 milhão em valores atuais.
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Os USB Rigs são equipamentos semelhante a um pendrive que podem ser conectado a um computador ou dispositivo USB externo. Embora sejam fracos individualmente, os mineradores podem combiná-los e obter mais poder computacional.
O minerador utilizava o pool solo CK, assim como os demais que conseguiram esse feito. Este pool abarca cobra uma taxa de mineração de apenas 2%, enquanto o restante vai para o minerador. Ele também oferece anonimato para todos os membros da rede.
Con Kolivas, desenvolvedor do Solo CK, parabenizou o minerador em 24 de janeiro.
Problema na rede?
A mineração é a principal fonte de segurança para a rede do BTC, pois quanto maior o poder computacional (hash rate), mais segura a rede está contra ataques. Nesse sentido, o crescimento do hash rate também implica em mais dificuldade para os blocos serem encontrados.
Até 2012 era possível utilizar computadores pessoais para minerar BTC, mas o aumento da dificuldade tornou essa prática inviável. Hoje a mineração requer o uso de chips especializados, os famosos ASIC, e uma infraestrutura bastante extensa.
Dessa forma, gigantes como Canaan, Bitmain e a brasileira Arthur Mining passaram a levar vantagem na mineração. Só que o mês de janeiro foi marcado por uma ascensão dos mineradores solo, que já descobriram pelo menos três blocos no mês.
Será que isso significa que a rede está menos segura, ou que o hash rate está caindo sem que ninguém saiba? Nem uma coisa nem outra: de fato, o hash rate do BTC mais que dobrou nos últimos sete meses. A rede nunca esteve mais segura contra ataques – nem mais difícil de minerar BTC.
“Sorte” é resultado da força da rede Conforme explicou Kolivas em seu Twitter, o motivo do sucesso dos mineradores-solo não é porque a rede está mais fraca, mas sim porque ela está mais forte. Com o aumento do hash rate há mais mineradores procurando os blocos, o que aumenta a probabilidade de alguém encontrá-los.
Para o desenvolvedor, não há qualquer falha no mecanismo de Prova de Trabalho (PoW), mas apenas um aumento da concorrência. Ao mesmo tempo, o número de mineradores no Solo CK também cresceu, aumentando a participação do pool na mineração.
“Para ser claro, este não é um evento de alerta. Não há nada de errado com a Prova de Trabalho, o Bitcoin não está quebrado e meu serviço de mineração solo não tem uma backdoor para encontrar blocos mais rapidamente. Com mineradores suficientes, alguém eventualmente resolve um bloco e pode ser um minerador de qualquer tamanho”, explicou.
Ou seja, quanto mais força e maior o preço do BTC, mais mineradores entram na rede. Com mais mineradores, aumenta a probabilidade de alguém descobrir os blocos. Se os mineradores-solo crescem mais rápido, suas chances aumentam na mesma proporção.
Isso acaba servindo como forma de descentralizar ainda mais a rede. Mais mineradores-solo significa menos hash rate nas mãos de grandes empresas, o que dificulta a possibilidade de bloqueios como aconteceu na China. Logo, o BTC não se torna dependente de um único país ou empresa.