Os brasileiros negociaram R$ 200,7 bilhões em criptomoedas durante o ano de 2021. Os dados foram divulgado pela Receita Federal conforme as comunicações feitas pelos clientes.
Para se ter uma ideia, os R$ 200,7 bilhões em operações com criptomoedas superam várias marcas. Primeiro, equivalem a 150% do total de investimentos acumulados no programa Tesouro Direto no mesmo período (R$ 79 bilhões).
Segundo, o valor é mais que o dobro do que foi comunicado à Receita Federal em 2020. Naquele anos, os brasileiros reportaram R$ 91,4 bilhões de negociações em criptomoedas.
No entanto, cabe destacar que este é apenas o valor reportado para a Receita Federal conforme as regras da Instrução Normativa (IN) 1.888. Ou seja, os dados reais de operações podem ser muito maiores, visto que várias operações não são reportadas.
Volume mensal cresceu 360%
Os dados da Receita Federal mostram forte crescimento no interesse de investidores brasileiras nas criptomoedas. Em termos mensais, por exemplo, o número atingiu um crescimento de 367%, saindo de 125 mil por mês, em 2020, para 459 mil por mês, em 2021.
Homens responderam por 86,3% dessas comunicações no ano passado, ao passo que as mulheres, por 13,7%.
Quanto às empresas, o número médio cresceu mais de 100%. Em 2020 foram 3,1 mil comunicações por mês, número que subiu para 6,3 mil por mês, no ano passado.
“Elas (criptomoedas) deixaram de ser um tema escuso, obscuro, para se tornar algo mais presente no dia-a-dia das pessoas. E são reconhecidas como uma classe de ativos novos. Assim como a gente tem ações, renda fixa, a gente hoje tem os criptoativos fazendo parte do dia-a-dia do investidor”, disse Bruno Diniz, professor da Universidade de São Paulo (USP), ao G1.
Regras para comunicação de transações
Conforme noticiou o CriptoFácil, a IN 1.888 foi criada em 2019 e estabeleceu a obrigatoriedade da comunicação de operações com criptomoedas. De acordo com o texto, a obrigação vale tanto para pessoas físicas quanto para empresas.
Todavia, nem todos são obrigados a informar as transações que realizam. Para isso, as transações devem seguir alguns critérios: as pessoas físicas ou jurídicas precisam ser domiciliadas no Brasil (exchanges estrangeiras não são obrigadas a reportar); e as movimentações precisam ter um valor total acima de R$ 35 mil ao longo de um mês.
Apesar do crescimento no volume, o Brasil ainda não conta com uma regulamentação específica para criptomoedas. O mais avançado dos projetos de lei nesse sentido é o PL 2303/2015, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados. No entanto, a tramitação do PL segue em espera por discussão no Senado.