Mais um caso de sequestro com extorsão de Bitcoins teve solução graças à tecnologia blockchain. Na manhã desta quarta-feira (09), agentes da Polícia Civil, em colaboração com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), por meio do Cybergaeco, prenderam uma organização criminosa que sequestrou investidores de ativos digitais e que extorquiu deles mais de R$ 2 milhões em Bitcoins.
As prisões ocorreram no âmbito da Operação Kirvem e foram possíveis devido ao trabalho da MyKYC. Trata-se de uma empresa brasileira de investigação em blockchain, especializada em soluções de compliance e antilavagem de dinheiro para criptoativos.
Conforme informou ao CriptoFácil Rafael Steinfeld, advogado e empresário do ramo dos criptoativos, neste caso, a investigação teve início a partir do relatório da MyKYC. E graças ao trabalho de inteligência da Polícia Civil e MPSP, foi possível identificar e prender a quadrilha.
O responsável pela MyKYC também destacou que os criminosos não conhecem o funcionamento de uma blockchain. Por isso, eles cometem crimes como este sob a falsa crença de que os ativos digitais não podem ser rastreados:
“Todos os casos investigados pela MyKYC são sigilosos. Então, não podemos nos manifestar sobre os detalhes concretos do caso. Porém, é importante deixar claro que o cometimento de crimes envolvendo criptoativos não é tão fácil como os criminosos imaginam. Afinal, as transações são rastreáveis e é possível identificar os autores do crime a partir dos dados da blockchain”, disse ele.
Sequestro com extorsão de Bitcoin
De acordo com uma nota do MPSP, o objetivo da Operação Kirvem era desarticular a quadrilha responsável pelo sequestro de duas pessoas na cidade de Ribeirão Preto. Durante o crime, as vítimas foram forçadas a transferir mais de R$ 2 milhões em BTC como condição para a sua liberdade.
As autoridades disseram que os sequestradores tinham prévio conhecimento de que as vítimas tinham os criptoativos em um hard wallet (carteira física). Por isso, realizaram o sequestro.
Ainda segundo o MPSP, após receberem o resgate, os criminosos fizeram várias transferências para mais de 120 endereços. A ideia era tentar ocultar a origem dos valores. No entanto, a ação não impediu o rastreamento dos Bitcoins e a identificação dos envolvidos.
Além dos seis mandados de prisão temporária, a 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto expediu nove mandados de busca e apreensão. Os agentes cumprem as ordens em quatro estados com o auxílio de equipes da Polícia Civil do Ceará, do Maranhão e do Tocantins. Além disso, as diligências contam com o apoio do Núcleo de Operações com Criptoativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Participam da operação cerca de 50 policiais civis, bem como membros do MPSP. Até o fechamento desta matéria, a polícia já havia prendido quatro suspeitos.