Um executivo do Banco Central Europeu (BCE) elogiou a futura criação de um euro digital. Para ele, a medida pode salvar a zona do euro de depender de moedas digitais emitidas por entidades estrangeiras.
O executivo em questão foi Fabio Panetta. Membro executivo do BCE e ex-chefe do banco central italiano, ele expressou sua opinião em um texto escrito nesta sexta-feira (2).
BCE protege euro e critica CBDCs externas
Para Panetta, a União Europeia (UE) precisa “estar pronta para um euro digital.”
Ele disse que o objetivo previsto de uma moeda digital do banco central (CBDC, na sigla em inglês) seria “preservar o bem público que o euro fornece aos cidadãos”.
Mas um euro digital também garantiria que emissores baseados no exterior – sejam outros bancos centrais ou empresas privadas – não se tornassem muito essenciais para a estabilidade da zona do euro.
Para muitos, isso poderia até ameaçar a soberania monetária do BCE. De fato, o banco já criticou diversas iniciativas de CBDCs, como o yuan digital da China.
Nem mesmo os membros da União Europeia ficaram imunes a isso. Em 2017, o BCE criticou a tentativa da Estônia de criar uma moeda digital própria, a Estcoin.
Consequentemente, o projeto estoniano acabou sendo abandonado.
Relatório reforça necessidade de euro digital
O texto de Panetta veio em um momento oportuno. No início deste mês, o BCE divulgou um relatório sobre a proposta de um euro digital.
Ele contrapõe as CBDCs às criptomoedas e stablecoins privadas. Para o BCE, estas podem exigir que os usuários cedam sua privacidade financeira a entidades com fins lucrativos.
Porém, o relatório não traz os riscos da cessão de privacidade dos usuários aos bancos centrais.
Para o BCE, as CBDCs também oferecem aos cidadãos um acesso mais fácil a um método de pagamento, melhorando assim a inclusão financeira.
A União Europeia tenta recuperar o atraso na corrida pelas CBDCs. A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse no mês passado que países como a China superaram a UE no desenvolvimento do CBDC.
O ministro da Economia e Finanças da França, Bruno Le Maire, foi mais direto. Ao falar sobre a Libra do Facebook, ele disse que a moeda realmente ameaçava acabar com o projeto europeu.