Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - Os preços de alimentação mostraram recuo em novembro e a prévia da inflação oficial no Brasil registrou o menor resultado para o mês em nove anos, indo abaixo de 8 por cento no acumulado em 12 meses e pavimentando o caminho para o Banco Central dar continuidade ao afrouxamento monetário.
Em novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,26 por cento, após alta de 0,19 por cento no mês anterior. Embora o resultado tenha mostrado aceleração na comparação mensal, a leitura é a mais baixa pra novembro desde que registrou 0,23 por cento em 2007.
Com isso, os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a alta acumulada em 12 meses recuou de maneira expressiva, a 7,64 por cento até novembro, contra 8,27 por cento em outubro.
Esse é o nível mais baixo desde fevereiro de 2015 (7,36 por cento), mas ainda permanece bem acima do teto da meta de inflação --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais.
Os resultados de novembro ficaram ligeiramente abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters com economistas, de alta de 0,28 por cento na base mensal, chegando a 7,66 por cento em 12 meses.
Segundo o IBGE, os preços de alimentos recuaram 0,06 por cento em novembro e, ainda que o ritmo de queda tenha perdido força após recuo de 0,25 por cento em outubro, o resultado mostra que vários produtos ficaram mais baratos.
O destaque foi o leite longa vida, com queda nos preços de 10,52 por cento, o que fez do produto o principal impacto de baixa no índice do mês, de -0,12 ponto percentual.
Também apresentaram queda os preços de Vestuário, de 0,03 por cento em novembro, após alta de 0,36 por cento no mês anterior.
Na outra ponta, a maior variação positiva foi apresentada por Saúde e Cuidados Pessoais, de 0,68 por cento, neste mês.
O setor de serviços, considerado pelo BC um dos fatores mais importantes na condução da política monetária, mostrou menor alta em novembro. Nas contas da consultoria CM Capital Markets, a alta mensal foi de 0,42 por cento neste mês, contra 0,46 por cento em outubro.
"É um fator positivo para o BC mas, diante da mudança no cenário externo com a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos, não altera a dinâmica da política monetária (masi um corte de 0,25 ponto percentual na Selic)", afirmou a economista da CM Capital Markets Camila Abdelmalack.
A expectativa é de que tanto os preços de serviços quanto dos alimentos continuem exercendo menor pressão até o final do ano.
O BC reduziu a taxa básica de juros em outubro em 0,25 ponto percentual, a 14 por cento, e adotou um tom mais duro em relação ao processo de corte. Diante disso, as expectativas de especialistas são de mais um corte de 0,25 ponto na última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem.