Alta do IPCA desacelera em abril, mas alimentos e saúde pesam e taxa em 12 meses avança

Publicado 09.05.2025, 09:02
Atualizado 09.05.2025, 13:15
© Reuters. Feira no Rio de Janeiron19/03/2020. REUTERS/Ricardo Moraes

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A inflação brasileira voltou a desacelerar em abril embora os preços dos alimentos e de saúde sigam pressionando, deixando a taxa acumulada em 12 meses no nível mais alto em pouco mais de dois anos em meio a um cenário desafiador depois de o Banco Central ter elevado novamente a taxa de juros.

Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,43%, depois de subir 0,56% no mês anterior.

Os dados informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira mostram ainda que, apesar da desaceleração, a taxa acumulada em 12 meses chegou a 5,53% em abril, de 5,48% em março.

Assim, o índice em 12 meses atinge o maior valor desde fevereiro de 2023 (5,60%) e segue bem acima da meta contínua de 3,0% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

"Desde 2023 a taxa não ficava três meses seguidos acima dos 5%. A taxa de desemprego diminuiu, houve aumento de empregados, aumento da massa salarial e renda, e isso pressiona a demanda. Por outro lado, os custos também estão mais altos e isso afeta o nível de preços", disse Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

O maior peso no resultado do IPCA de abril foi exercido novamente pelo grupo Alimentação e bebidas, com alta de 0,82% em abril, embora tenha desacelerado em relação à taxa de 1,17% em março.

A alimentação no domicílio subiu 0,83% e a alimentação fora teve alta de 0,80%. Contribuíram para esses resultados, segundo o IBGE, os avanços de batata-inglesa (18,29%), tomate (14,32%), café moído (4,48%) e lanche (1,38%).

“O grupo alimentação é o de maior peso no IPCA, por isso, mesmo desacelerando, exerce impacto importante. Em abril, observamos também um maior espalhamento de taxas positivas no grupo, com índice de difusão passando de 55% para 70%, porém, envolvendo subitens de menor peso”, explicou Gonçalves.

Também pesou no bolso do consumidor em abril a alta de 1,18% de Saúde e cuidados pessoais, segundo maior impacto no índice do mês, influenciado pelo aumento de 2,32% de produtos farmacêuticos.

“O resultado é explicado pela autorização de reajuste de até 5,09% no preço dos medicamentos a partir de 31 de março”, diz Gonçalves.

Houve queda em abril apenas nos custos de Transportes, de 0,38%, depois de alta de 0,46% em março. Houve deflação tanto na passagem aérea (-14,15%) quanto nos combustíveis (-0,45%).

A inflação de serviços, por sua vez, desacelerou a 0,20% em abril, de 0,62% no mês anterior, influenciada principalmente pelas passagens aéreas, passando a acumular em 12 meses alta de 6,03%.

O cenário em relação ao aumento de preços é desafiador, com um mercado de trabalho aquecido e o real enfraquecido, com atenção sobre a inflação de serviços. Pairam no radar ainda as medidas tarifárias adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O Banco Central decidiu na terça-feira elevar a taxa básica de juros Selic em 0,50 ponto percentual, a 14,75% ao ano, deixando em aberto o que fará na reunião de junho. O BC apontou uma dependência de dados até o próximo encontro e indicou a necessidade de uma dose alta de juros por período prolongado.

A autarquia tem defendido uma desaceleração da atividade para levar a inflação à meta de 3%.

"Os dados de inflação deixam claro que a política monetária terá de permanecer em patamar suficientemente restritivo por um longo período, até que se observe a retomada do processo de convergência da inflação em direção à meta", disse André Valério, economista sênior do Inter.

A pesquisa Focus mais recente mostra que a expectativa de especialistas é de que a inflação termine este ano a 5,53%, com a Selic a 14,75%.

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