Investing.com – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu pela diminuição da taxa de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,75%, por ser "compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025" . A informação consta na última ata da reunião do Copom, divulgada na manhã desta terça-feira, 18.
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O colegiado completa ainda que a decisão, sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.", dizem.
De modo geral, o cenário doméstico vem se encaminhando em linha com o que era esperado. De acordo com a ata, concluiu-se que prossegue a trajetória desinflacionária dos núcleos e da inflação de serviços, reforçando a dinâmica benigna recente da inflação. Além disso, dados recentes sugerem moderação da atividade econômica, como antecipado pelo Comitê. A desancoragem das expectativas de inflação para prazos mais longos se manteve desde a última reunião do Copom. Por fim, as projeções de inflação no horizonte relevante não se alteraram significativamente, mantendo-se acima da meta.
Próximos cortes no horizonte
Quanto ao ritmo de cortes, o colegiado afirmou, no dia da decisão, que os juros vão cair em mais meio ponto nas próximas reuniões, o que indica pelo menos mais dois cortes nessa intensidade, nos encontros de janeiro e março.
"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", disse o BC no comunicado da decisão, na última quarta-feira, 13.
O Comitê percebe a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas. Ele enfatiza novamente que a extensão do ciclo ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. O Comitê mantém seu firme compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central.
No entanto, as expectativas de inflação seguem desancoradas e são um fator de preocupação. "O Comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira", afirmou.
De acordo com o economista e analista ALM da Efí, Paulo Silva,a última ata do ano e com um discurso mais "dovish", o Copom reforçou mais uma vez a sua preocupação com o cenário externo e com a desencorajem das expectativas de inflação no ambiente doméstico.
"Mesmo com um cenário internacional mais favorável, trazido pela possibilidade de ocorrência do "soft landing" americano, e sinais de uma desaceleração econômica em alguns países, o comitê reforça a cautela, destacando que desafios conjunturais ainda continuam, principalmente advindos do mercado de trabalho ainda aquecido nos EUA e em outros países. No Brasil, a divulgação do PIB do 3º trimestre feita na semana passada trouxe uma indicação de que a atividade econômica está em processo de arrefecimento, fruto do que já era previsto pelos efeitos tardios da condução da política monetária advindos do aumento da taxa dos juros", explica.