Investing.com – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu pela diminuição da taxa de juros em 0,50 ponto percentual, para 13,25%, com o objetivo de assegurar a estabilidade de preços, mas a decisão “implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”. A informação consta na última ata da reunião do Copom, divulgada na manhã desta terça-feira, 08.
Iniciando o ciclo de afrouxamento monetário com o primeiro corte em três anos na Selic, o Copom avaliou que a decisão “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025”.
Segundo a ata, a inflação ao consumidor segue “com uma dinâmica corrente mais benigna, em particular nos componentes referentes a bens industriais e alimentos”. Além disso, os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que registram maior inércia inflacionária, vêm apresentando diminuição, mas continuam acima da meta para a inflação.
Em relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram de forma unânime com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e, segundo a ata, “avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
O Comitê ainda reforçou o compromisso com a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, diante da conjuntura atual de desinflação, mas que ainda requer serenidade e moderação na condução da política monetária, no entendimento dos membros.
A ata mostra ainda que a taxa de câmbio e do preço das commodities internacionais auxiliaram no processo de diminuição das pressões, mas o Comitê ainda demonstra cautela com a volatilidade de alimentos e bens industriais, com possíveis riscos adicionais com o El Niño e com a cotação internacional do petróleo.
Segundo a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, a ata do Copom trouxe um tom mais duro ao reforçar o cenário de cautela mesmo com a escolha da diminuição da Selic em meio ponto. “O corte de 0,50 p.p. foi considerado parcimonioso no atual cenário, o que permite que a política monetária continue contracionista por um período ainda longo, garantindo a convergência da inflação para a meta até 2025”, destaca. Para a economista, a ata afasta expectativas de aceleração dos cortes nas próximas reuniões.
O economista André Perfeito concorda que a ata reafirma um “tiro curto” dos cortes da Selic. “Está mais que evidente que o final do ciclo atual de cortes será acima do patamar considerado neutro pelo mercado e neste sentido reafirmo a hipótese que levantei semana passada que eles terminam o ciclo de cortes já no primeiro trimestre do ano que vem quando a Selic atingir 10,75%”.
Carlos Kawall, fundador da Oriz Partners e ex-secretário da Fazenda, avalia que a ata Copom esclareceu o debate interno que levou à decisão dividida entre os membros do comitê, com a ala majoritária mais confiante na desinflação e reancoragem, ainda que parcial, das expectativas, enquanto a ala minoritária julgou mais incerta a retração dos preços de serviços na presença de um mercado de trabalho ainda forte. “A incerteza fiscal, ausente no comunicado, foi também relevante no debate, bem como o grau de ociosidade na economia (hiato do produto), ainda reduzido”, detalha Kawall, que espera que Selic chegue a 11,75% em dezembro e 9% em 2024.