Por Steven Scheer
JERUSALÉM (Reuters) - O Banco de Israel fez um alerta neste domingo sobre danos para a economia do país caso mais homens judeus ultraortodoxos não se juntem às forças armadas do país, opinando sobre uma questão controversa que já causou rupturas no governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu durante a guerra.
Em seu relatório anual de 2023, o banco central disse que a guerra de Israel contra o grupo islâmico palestino Hamas em Gaza, que começou no dia 7 de outubro, reforçou a necessidade de mais contingente para as forças armadas e se tornou um fardo para a economia devido ao aumento acentuado de dias de serviço tanto para os recrutas quanto para os reservistas.
A guerra, segundo o banco, afeta a produtividade econômica dos soldados, bem como o emprego do cônjuge. "À medida que o fardo do serviço militar é dividido entre um número maior de soldados... o impacto econômico sobre cada um deles diminui, bem como o impacto agregado sobre a economia", afirmou o Banco de Israel.
"A expansão do círculo de contingente militar para incluir a população ultraortodoxa... tornará, portanto, possível responder às crescentes necessidades de defesa, ao mesmo tempo que modera o impacto no pessoal e na economia."
O governo de Netanyahu disse em fevereiro que procuraria uma forma de acabar com as isenções ao serviço militar para judeus ultraortodoxos, que datam da fundação de Israel em 1948, para distribuir o fardo do tempo de serviço de forma mais justa.
Mas a decisão teve reação negativa dos partidos judeus ultraortodoxos e criou uma ruptura na coalizão.
Domingo era o prazo final para o governo apresentar um projeto de lei para resolver a questão, mas Netanyahu apresentou um pedido de última hora ao Supremo Tribunal para adiar a questão por 30 dias.
O Banco de Israel disse que o setor ultraortodoxo representa agora 7% da economia, mas representará 25% dentro de 40 anos. Apenas 55% dos homens ultraortodoxos trabalham e, caso esta tendência continue, Israel perderá seis pontos percentuais do Produto Interno Bruto até 2065, enquanto a carga fiscal aumenta.