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BC fará o que for necessário para garantir inflação na meta em 2022, diz diretor

Publicado 10.08.2021, 15:54
Atualizado 10.08.2021, 17:21
© Reuters. Banco Central do Brasil
29/10/2019 REUTERS/Adriano Machado
GS
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Por Marcela Ayres e Isabel Versiani

BRASÍLIA (Reuters) - O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou nesta terça-feira que o BC está engajado em fazer a inflação chegar ao centro da meta em 2022 e 2023 e fará o que for necessário para tanto.

Serra lembrou que a indicação do BC é de que fará outro ajuste tempestivo nos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em setembro, sendo que no momento este nível de aperto, de elevação de 1 ponto percentual, é visto como "bem adequado".

"O BC tem a ferramenta, que é a taxa de juros, e o compromisso de garantir o seu mandato legal para a inflação no seu horizonte relevante", disse Serra durante live promovida pelo banco Goldman Sachs (NYSE:GS).

Em ata divulgada nesta manhã, o BC afirmou que, para que as projeções de inflação fiquem em torno das metas para 2022 e 2023, são necessárias elevações de juros "subsequentes e sem interrupção" para acima do nível considerado neutro. A Selic foi elevada em 1 ponto percentual este mês, para 5,25%.

Questionado sobre qual seria o patamar neutro da Selic, Serra afirmou que a taxa mais recente citada pelo BC é 3% (taxa real, que desconsidera a inflação). O BC também já citou como taxa nominal neutra o patamar de 6,5%.

O diretor destacou que no ano passado a preocupação do BC era fechar o hiato do produto e entregar a inflação no centro da meta em 2021, mas que a autoridade monetária tem se surpreendido a cada ciclo do Copom com condicionantes de inflação acima do esperado, com o reconhecimento de que aumentos de preços em commodities têm sido mais persistentes do que no passado.

O cenário se torna mais desafiador neste momento de reabertura da economia em que já se vê alguns sinais de recomposição de preços no setor de serviços, disse o diretor.

"Seria muito ruim se esse ajuste de preços relativos que aconteceu em 12 meses --onde comercializáveis subiram muito forte e não-comercializáveis/serviços ficaram bastante bem comportados-- esse ajuste de preços fosse revertido com serviços e não-comercializáveis como um todo acelerando e convergindo para o pedaço da inflação que está mais alta, é essa atenção que a gente precisa ter", afirmou.

Ele frisou que, historicamente, a inflação de serviços é mais inercial do que a de alimentos e bens, dando mais condições para se prever o comportamento dos preços nos 12 meses à frente, mas que o Copom não fez uma avaliação recente para entender se a crise trouxe mudanças a essa tendência.

ATIVIDADE

© Reuters. Banco Central do Brasil
29/10/2019 REUTERS/Adriano Machado

Serra destacou que a projeção do BC para o crescimento do PIB este ano, de 4,6%, está menos otimista do que a do mercado, que aponta para alta acima de 5%, e defendeu cautela nas estimativas para os trimestres à frente.

"Acho que uma coisa é você fazer a recuperação da atividade após as restrições de mobilidade", afirmou.

"Daqui para frente eu não acho que a gente descobriu que o crescimento potencial é muito mais alto. Acho que a gente deve ser muito mais cauteloso nas projeções de crescimento para frente."

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