O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, chamou novamente a atenção para o risco do aumento da dívida global e disse que o tema também foi discutido durante sua participação reunião de banqueiros centrais do mundo organizado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em Jackson Hole, nos Estados Unidos.
"Temos falado da preocupação com o crescimento da dívida global. A dívida global foi também tema em Jackson Hole", disse o presidente do BC durante participação nesta manhã na 25ª Conferência Anual Santander (BVMF:SANB11), em São Paulo.
De acordo com ele, o elevado nível de endividamento pode estar gerando preocupação no mercado sobre a capacidade dos governos e dos bancos centrais para reagir em caso de uma desaceleração mais intensa na economia mundial. "Não é o nosso cenário-base, mas pode acontecer", afirmou.
Segundo Campos Neto, existe a percepção de que "os instrumentos que os governos e os bancos centrais têm para amenizar essa desaceleração são menores do que no passado. Por quê? Porque os países estão muito endividados, tendo menos espaço fiscal, porque os bancos centrais perderam bastante dinheiro nesses movimentos de compra de títulos, principalmente a parte de títulos privados", avaliou.
Ele também comentou que a percepção de alta de juros no Japão levou à "desmontagem de carry trade".