Tarifas mais altas de Trump atingem grandes parceiros comerciais dos EUA, gerando questionamentos e preocupação
Entidades do setor cafeeiro brasileiro se manifestaram, na quarta-feira, 6, contra a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos às importações do produto do Brasil, classificada como um desafio "sem precedentes" para a competitividade do produto no mercado norte-americano. A tarifa, que entrou em vigor na quarta-feira, 6, causou reações do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), que têm buscado diálogo com autoridades norte-americanas e brasileiras para tentar reverter a medida.
O Cecafé informou que está atuando em conjunto com a National Coffee Association (NCA), traders, importadoras e redes de cafeteria dos EUA, além de manter o governo brasileiro informado.
A entidade trabalha para que o café brasileiro seja incluído "em uma lista norte-americana de isenção da taxação", justificando que se trata de um produto não cultivado em escala nos EUA, que são os maiores consumidores mundiais da bebida. "Absorvem mais de 24 milhões de sacas ao ano", ressaltou, na nota, o diretor-geral Marcos Matos.
Caso a isenção não se concretize, o Cecafé também tentará a exclusão do produto da lista de retaliações do Brasil. "Seguiremos trabalhando para que o café entre na lista de isenções do Brasil, sendo excluído da taxação adicional de 40%", disse a entidade.
Segundo a Abics, que representa todo o setor de café solúvel no Brasil, a tarifa representa "um desafio significativo e sem precedentes para a competitividade do nosso produto no mercado norte-americano".
O diretor executivo da entidade, Aguinaldo Lima, afirmou que os EUA são o principal destino do café solúvel brasileiro, com cerca de 780 mil sacas exportadas em 2024, o que equivale a 20% do total embarcado.
"O café solúvel brasileiro será o mais penalizado", disse Lima, destacando que o México continuará a exportar sem tarifas, enquanto outros países enfrentarão taxas menores, entre 10% e 27%.
A Abics alerta ainda para o impacto nos consumidores dos EUA. "Esta decisão não apenas prejudica a indústria brasileira, mas também pode impactar negativamente os consumidores norte-americanos, que se beneficiam da qualidade e do preço competitivo do produto nacional". A associação intensificou os esforços de negociação com entidades do setor, autoridades brasileiras e clientes nos EUA, buscando reverter a tarifa ou ao menos garantir isenção para todos os cafés brasileiros.