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Com ruídos, expectativas de inflação mostram ancoragem nos EUA, diz hEDGEpoint

Publicado 11.03.2024, 17:13
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Investing.com – Ainda que ruídos pontuais com dados econômicos tragam volatilidade para os mercados, as expectativas de inflação demonstram ancoragem para o indicador no mercado americano, na avaliação da hEDGEpoint Global Markets. Ainda que a inflação americana tenha alcançado pico dos últimos 30 anos, a rápida e firme resposta da política monetária restritiva estaria obtendo sucesso em desacelerar a inflação.

Mesmo que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, indique que são necessários mais dados para que haja confiança de que o processo segue de forma sustentável em direção à meta de 2%, as expectativas de inflação parecem estar bem ancoradas, indicando um cenário favorável para o corte de juros esse ano, de acordo com a hEDGEpoint, que enxerga início das diminuições nas fed funds no mês de junho.

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A confiança do consumidor também demonstra a ancoragem das expectativas, de acordo com Victor Arduin, analista de macroeconomia e energia da hEDGEpoint. No entanto, o cenário ainda segue com alguns riscos, entre eles a forte expansão da atividade econômica medida pelo Produto Interno Bruto (PIB) e a resiliência do mercado de trabalho.

"Então esses dados que mostram uma inflação um pouquinho mais alta e um emprego um pouco mais forte do que as estimativas estão trazendo um pouco mais de ruído para a leitura do que provavelmente um sinal de que a economia americana está perdendo ancoragem e que a inflação pode voltar a subir", reforça.

Confira entrevista com o especialista.

Investing.com – Relatório da hEDGEpoint apontava então uma ancoragem para das expectativas de inflação. Vocês continuam com essa sua opinião depois de um dado do payroll ainda mostrando uma certa resiliência?

Victor Arduin – Para responder essa pergunta, gosto de trazer um pouco da contextualização. Vimos desde 2022 o Fed aumentando aumento os juros, praticando um instrumento de política monetária que são os juros restritivos, para tentar reduzir os preços da economia. Tem funcionado bem nos últimos 16 ou 18 meses, a gente percebe a inflação caindo.

Em 2023, melhoraram bastante esses componentes mais voláteis na inflação, que seria a energia e os alimentos. O que observamos agora é que, quando estamos nesta última milha da inflação, que ela tem sido mais difícil de melhorar. A gente já não vê os componentes que eram mais voláteis ajudando tanto, o que é natural, com destaque para energia e alimentos. Seguimos ainda vendo um mercado imobiliário americano, o componente de aluguéis, sendo resistente, mostrando mais dificuldade em convergir para índices melhores.

Podemos abrir uma discussão sobre por quais motivos isso ocorre nos Estados Unidos e são diversas as teses que encontramos no mercado, desde a questão de ter pouca mão-de-obra especializada na construção civil americana, o que está prejudicando a expansão do estoque de casas, até os juros que acabam dificultando o financiamento de novas casas. Por mais que o financiamento imobiliário americano seja mais flexível que o brasileiro, ou seja, as pessoas podem comprar uma casa e renegociar a dívida com mais facilidade, há algumas dificuldades, e podemos verificar que esse componente da inflação de aluguéis demora a ceder. A inflação de janeiro teve uma surpresa um pouco altista e, nesse cenário, fica a dúvida se o Fed vai realizar o corte nos juros, e se vai realizar, quando ocorreria.

No final do ano passado, em 2023, o mercado ficou muito otimista por conta dos dados. com expectativa de que esse corte de juros poderia ocorrer em março de 2024. Com essa surpresa altista de janeiro e dados o mercado de trabalho bastante resilientes, mostrando que o desemprego está baixo, ainda que tenha subido um pouco, vemos que a economia americana continuou muito robusta, o que não seria esperado pelo alto nível da política monetária restritiva.

Inv.com – O que esperar para o cenário de desinflação a partir de agora?

Arduin – Apesar desses desafios, enxergamos que essa queda inflação para os 2%, que é o objetivo do Fed, não vai ser tão linear. Está tendo volatilidade, mas continuamos percebendo que as expectativas de inflação de doze meses à frente, cinco anos à frente, seguem ancoradas, pela leitura da Universidade de Michigan. Claro que esse indicador é sensível, então à medida que a inflação nos próximos meses vai melhorando, essas ancoragens também vão melhorando.

O que estamos vendo mais é volatilidade vindo ao mercado por conta desses riscos, mas que não mudam a trajetória que terá uma queda nos juros, que provavelmente ocorrerá em junho. Os próximos dados da economia americana vão ser importantes para poder dar um pouco do retrato da economia americana, mas a tendência natural não muda.

Sobre o payroll, de fato ele veio maior do que esperado pelo mercado, mas houve uma revisão de janeiro e dezembro, então estamos vendo até um balanço um pouco mais baixista, apesar da leitura pontual de fevereiro mostrar um dado mais altista. E o desemprego subiu.

A gente levou uma surpresa agora na leitura de fevereiro, mas talvez mês que vem também seja revisto esse número. Esses dados estão trazendo um pouco mais de ruído, tendo em vista que a tendência natural é de que vai ter a queda de juros, mas que esse caminho não vai ser linear.

Então esses dados que mostram uma inflação um pouquinho mais alta e um emprego um pouco mais forte do que as estimativas estão trazendo um pouco mais de ruído para a leitura do que provavelmente um sinal de que a economia americana está perdendo ancoragem e que a inflação pode voltar a subir.

Inv.com – Além do componente de inflação de aluguéis, qual poderia ser uma surpresa nas próximas leituras de inflação?

Arduin – O que poderia dar uma surpresa para os próximos meses são componentes de energia, voltando a pressionar a inflação. Estamos vendo preços do petróleo mais altos do que o começo do ano e mais altos do que no final do ano passado. Então a gente já teve uma subida no brent refletindo riscos no Oriente Médio, de demanda fora do esperado, e mudanças também dos estoques, principalmente nos Estados Unidos. É um componente mais volátil, o Fed não olha tanto, mas também pode trazer um ruído no mercado.

Inv.com – Quais as perspectivas para as próximas decisões do Fed?

Arduin – Temos como perspectiva de corte de juros junho deste ano. Pode mudar, pois temos três divulgações de CPI até o encontro do Fed em junho. O Fed trabalha com forward guidance. Como já não aconteceu em fevereiro esse forward guidance, em março é muito pequena possibilidade de ter. E, provavelmente em março, também não haverá devido a essas surpresas altistas, com um pouco de volatilidade ainda no mercado.

Então eu acho que o Fed vai adotar uma postura mais conservadora. Agora, para o outro encontro deles, em maio, vai ser um encontro bastante significativo, pois se a gente esperar um corte de juros em 12 de junho, significa que em primeiro de maio deve haver uma comunicação clara do Banco Central americano dando forward guidance no sentido de que os membros do Fed já se sentiriam mais confortáveis quanto ao nível de inflação.

Outro ponto interessante é que as Treasuries dos Estados Unidos estão pressionadas por conta dos juros ainda estarem no nível restritivo, mas é interessante observar que o governo tem aumentado o gasto público nos últimos anos. Consequentemente, a dívida americana tem subido, em termos de níveis maiores do que anteriormente.

Para poder financiar esse aumento dos gastos ou recolhe impostos ou emite dívida americana. Nas mais sensíveis à política americana, com essa percepção do mercado de que os juros vão ficar elevados por mais tempo, isso está dando um prêmio maior às Treasuries americanas, trazendo um fundamento de valorização do dólar.

Mesmo que a gente tenha um corte de juros em junho desse ano, a gente ainda tem um elevado déficit público nos Estados Unidos que vai continuar trazendo um prêmio de risco, dessas Treasuries. Ainda vamos perceber um ponto de suporte de fundamento pra valorização do dólar e vai ser esse prêmio que vai ter que ser pago.

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