Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O número de desempregados no Brasil ultrapassou pela primeira vez a marca de 10 milhões, em fevereiro, em meio ao cenário de forte recessão e renda em baixa.
Neste cenário, a taxa de desemprego atingiu 10,2 por cento no trimestre encerrado em fevereiro, pela primeira vez em dois dígitos e renovando a máxima histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua iniciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2012.
Nos três meses até janeiro, informou o IBGE nesta quarta-feira, o desemprego havia ficado em 9,5 por cento, enquanto que no mesmo trimestre do ano passado foi de 7,4 por cento.
O resultado de fevereiro ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, de taxa a 10,1 por cento.
O número de desempregados no trimestre móvel até fevereiro atingiu o recorde de 10,371 milhões de pessoas, aumento de 13,8 por cento sobre o trimestre até novembro. Na comparação com os três meses até fevereiro de 2015, houve salto de 40,1 por cento, ou quase 3 milhões de pessoas a mais procurando trabalho.
A Pnad Contínua mostrou ainda que a população ocupada registrou queda de 1,3 por cento no trimestre até fevereiro sobre igual período de 2015, ou 1,172 milhão de pessoas a mais sem trabalho, também maior nível da pesquisa.
O IBGE informou ainda que o rendimento médio da população ocupada foi a 1.934 reais mensais, recuo de 3,9 por cento sobre o mesmo período do ano anterior.
"O aumento de agora era esperado pela dispensa tradicional (em janeiro e fevereiro), mas o mercado vai além disso. Ele está demissionário", afirmou o coordenador da pesquisa no IBGE, Cimar Azeredo.
O mercado de trabalho é um dos mais afetados pelas crises econômica e política que varrem o país. Pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente uma centena de economistas, aponta expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) contraia 3,80 por cento este ano.