Por Maria Martinez
BERLIM (Reuters) - As exportações e a produção industrial da Alemanha caíram mais do que o esperado em setembro, mostrando a fraqueza de dois dos pilares do modelo econômico alemão no início do quarto trimestre.
As exportações recuaram 1,7% em setembro em comparação com o mês anterior, mostraram os dados do escritório federal de estatísticas nesta quinta-feira. A previsão em pesquisa da Reuters era de queda de 1,4%.
Os dados foram divulgados um dia depois que a coalizão governista da Alemanha entrou em colapso após a demissão do ministro das Finanças pelo chanceler Olaf Scholz, abrindo caminho para uma eleição antecipada e incerteza política.
A divulgação dos dados também ocorreu após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA, o que não é um bom presságio para a indústria e as exportações alemãs.
Trump disse durante sua campanha eleitoral que adotará uma tarifa de 10% sobre as importações de todos os países, e a Alemanha seria a grande perdedora se a Presidência de Trump provocar uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a Europa.
A balança de comércio exterior apresentou um superávit de 17,0 bilhões de euros em setembro, abaixo dos 21,4 bilhões de euros em agosto.
As exportações para os Estados Unidos representam cerca de 3,8% do PIB alemão. Embora as exportações possam aumentar no curto prazo, uma vez que os importadores tentam se antecipar às tarifas, elas provavelmente cairão se Trump levar adiante sua ameaça de tarifas, disse Franziska Palmas, economista sênior para a Europa da Capital Economics.
As exportações para os EUA aumentaram 4,8% em setembro em comparação com agosto. As exportações para a China diminuíram 3,7%. Para os países da União Europeia, elas caíram 1,8% no mês.
Em setembro, a produção industrial recuou 2,5% em relação ao mês anterior, segundo dados do escritório federal de estatísticas, ante previsão de queda de 1,0% em uma pesquisa da Reuters.
"A nova queda na produção industrial em setembro ressalta que a crise na indústria será uma das muitas questões com as quais qualquer novo governo de coalizão terá de lidar", disse Palmas.
(Reportagem de Tristan Veyet em Gdansk e Maria Martinez em Berlim)