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Fed não está confiante de que condições financeiras estão restritivas o suficiente

Publicado 01.11.2023, 15:56
© Reuters
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Investing.com – As condições financeiras demonstraram estar mais apertadas, mas o Federal Reserve não está confiante de que isso seja o suficiente para que a próxima decisão de política monetária seja a mesma, ou de que haja um indicativo para as definições das taxas de juros nos Estados Unidos no futuro.

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Foi isso que demonstrou o presidente do Fed, Jerome Powell, em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira, 01º de novembro, após a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de manter as fed funds no patamar atual, na faixa entre 5,25% e 5,50%.

“Dado que as alterações persistentes nas condições financeiras podem ter implicações na trajetória da política monetária, acompanhamos de perto a evolução”.

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Assim como no comunicado do Fomc, Powell procurou deixar a porta aberta para as próximas reuniões, que serão dependentes de novos dados, diante de uma atividade econômica acima do esperado e resiliência do mercado do trabalho.

O Fed segue monitorando a alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro de longo prazo e destaca que condições financeiras mais restritivas podem ter implicações na política monetária, mas estas teriam que ser persistentes, o que ainda precisa ser visto, no entendimento de Powell.

“A inflação moderou-se desde meados do ano passado e os valores durante o Verão foram bastante favoráveis. Mas alguns meses de bons dados são apenas o começo do que será necessário para criar confiança de que a inflação está a descer de forma sustentável em direção ao nosso objetivo. O processo de redução sustentada da inflação para 2% ainda tem um longo caminho a percorrer, apesar da inflação elevada já há mais tempo”, afirmou Powell.

“Estamos empenhados em alcançar uma orientação de política monetária que seja suficientemente restritiva para reduzir a inflação de forma sustentável para 2% ao longo do tempo, e em manter a política restritiva até estarmos confiantes de que a inflação está no caminho desse objetivo”, reforçou o presidente do Fed.

Segundo Powell, o Fed está atento aos dados recentes que mostram a resiliência do crescimento econômico e sobre a demanda de mão-de-obra.

“A evidência de um crescimento persistentemente acima do potencial para a restrição no mercado de trabalho já não está a diminuir e poderá colocar em risco novos progressos na inflação e poderá justificar um maior aperto da política monetária”.

Visão dos analistas

O comunicado do Fomc não menciona riscos geopolíticos recentes, diferente de quando ocorreu a crise entre Rússia e Ucrânia, destaca Alex Lima, analista da Guide Investimentos. “A surpresa foi a adição da palavra financial, reconhecendo o aperto das condições financeiras, principalmente o juro longo”, considera Lima.

Sobre a coletiva de imprensa, a sensação é de que Powell demonstrou esforço para manter o tom hawkish, avalia André Leite, CIO da TAG Investimentos. “O mercado estava no modo acabaram as altas após as declarações de membros do Fed. Ele se esforçou para colocar a chance de um aumento de taxa de volta à mesa”, avalia.

O equilíbrio entre o controle inflacionário americano sem que a economia global entre em recessão continua sendo um dos focos do Fed, para Thomas Monteiro, analista do Investing.com.

“O problema é que ele já usou o instrumento de maior impacto que tem em mãos, que são as taxas de juros. Se ele aumenta uma última vez ou não, não deve ser o maior problema, já que o mercado continua muito mais focado em quanto tempo levará para o Fed começar a cortar os juros, já que o mercado prevê, no pior cenário, uma alta terminal de 25bps nos juros”.

Monteiro completa que sem a taxa de juros, Powell fica restrito a dois instrumentos: o aperto quantitativo (redução do balanço do Fed) e seus discursos (comunicação de insegurança no mercado de risco).

“O problema com o primeiro é que a liquidação no mercado dos Treasuries, especialmente no extremo mais longo da curva, está a pressionar a recuperação econômica e a empurrar o dólar para um maior valor. Assim, o Fed terá de diminuir a intensidade da venda das suas participações”, detalha Monteiro, que aponta a comunicação como o último instrumento.

“Isto significa que ele continuará a assustar quem quer que fique fora de controle - seja os mercados de título ou de ações - enquanto ganha tempo para que as defasagens da política monetária surjam e finalizem o seu trabalho. E foi exatamente isso que ele fez hoje, quando não aumentou as taxas, mas tentou parecer indeciso - isto é, nem hawkish nem dovish”, conclui, ao lembrar que 2024 é um ano eleitoral, o que significa que a pressão será grande sobre Powell para manutenção de um mercado de trabalho forte.

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