Por Divya Chowdhury
MUMBAI (Reuters) - O Federal Reserve não deixará de "falar grosso" com os mercados até que haja um progresso significativo na inflação, o que perpetuará a volatilidade até meados de 2023, disse o diretor de investimentos da UBS Global Wealth Management nesta segunda-feira.
Mark Haefele afirmou ao Reuters Global Markets Forum prever o índice S&P 500 --referência para o mercado acionário norte-americano-- em 3.900 pontos ao fim deste ano e em cerca de 4.200 pontos no próximo verão (nos EUA), em comparação com seu nível atual de 4.057 pontos.
O chair do Fed, Jerome Powell, disse na sexta-feira que o banco central elevará os juros o quanto for necessário para restringir o crescimento e que manterá os custos de empréstimos mais altos "por algum tempo" para reduzir uma inflação que roda bem acima da meta de 2%.
Haefele espera que o Fed suba os juros em mais 100 pontos-base neste ano, mas não vê uma grande recessão nos Estados Unidos.
"Achamos que a inflação vai começar a cair", disse Haefele, que administra a estratégia de investimentos da maior gestora de patrimônio do mundo, com 2,8 trilhões de dólares em ativos.
Contratos futuros de fed funds (taxa interbancária nos EUA) chegaram a embutir 73% de probabilidade de acréscimo de 75 pontos-base nos juros, com as taxas fazendo pico entre 3,75% e 4,0%.
Haefele observou que as ações de valor --que por estarem descontadas tendem a performar melhor em momentos de recuperação econômica-- sempre superaram as de crescimento (mais vulneráveis a altas de juros) durante períodos inflacionários, proporcionando avaliações atraentes.
"(Valor) é uma área em que estaríamos mais focados", disse ele, acrescentando que muitas dessas oportunidades estão fora dos EUA.
Ainda que espere recessão na Europa, o que já está precificado nos mercados de ações, Haefele disse haver bolsões de valor em bens de consumo básicos e alguns setores defensivos, como saúde.
Embora não esteja "overweight" (com posição acima da média sugerida pelo benchmark) nos mercados emergentes, Haefele espera que eles se tornem atraentes quando o Fed der uma meia-volta na política monetária.
"Estamos muito focados em quando haverá um catalisador, porque muitas ações de mercados emergentes estão muito mais baratas do que as ações dos EUA", disse ele. "E assim, no longo prazo, as perspectivas para os mercados emergentes, tanto em termos de avaliação (e) taxas de crescimento, os tornam muito atraentes."