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Fed sinaliza prontidão para reduzir balanço e por que isso é um grande evento

Publicado 06.01.2022, 15:15
Atualizado 06.01.2022, 15:20
© Reuters. Notas de 1 dólar
14/11/2014
REUTERS/Gary Cameron
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Por Jonnelle Marte e Dan Burns

(Reuters) - O Federal Reserve (Fed) está pronto para reduzir sua carteira de mais de 8 trilhões de dólares em títulos, com a ata da reunião do banco central norte-americano do mês passado sugerindo que o processo pode começar ainda neste ano.

Isso sinaliza uma diferença importante entre como o Fed administrou sua política de "normalização" após a crise financeira de 2007-2009 e uma remoção muito mais rápida da acomodação extraordinária geral do que da última vez. Também mostra que as autoridades têm mais confiança na força da atual recuperação econômica depois do tombo causado pela pandemia de coronavírus do que da recessão de mais de uma década atrás.

O chair do Fed, Jerome Powell, disse a repórteres após a reunião de política monetária de 14 e 15 de dezembro que os integrantes do Fomc (comitê de decisão de política monetária do banco) podem ser capazes de agir mais rapidamente do que no passado quando se trata de reduzir o balanço patrimonial, observando que as autoridades veem "uma situação econômica significativamente diferente que temos no momento atual".

A ata da reunião de dezembro, divulgada na quarta-feira, mostrou que as autoridades haviam se envolvido em uma longa discussão sobre o corte do balanço patrimonial do banco central, medida que poderia ter impacto significativo. Os mercados financeiros estão respondendo, com os rendimentos dos títulos marchando em alta nos vencimentos sensíveis aos sinais do Fed sobre as taxas de juros e seu balanço patrimonial.

1) POR QUE A CARTEIRA DE ATIVOS DO FED É IMPORTANTE?

O Fed começou a recorrer a compras de ativos em grande escala --também chamadas de afrouxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês)-- durante a crise financeira de 2007-2009, quando se tornou evidente que simplesmente cortar as taxas de juros de curto prazo, sua tradicional alavanca de política monetária, não seria suficiente sozinha.

Comprar dezenas de bilhões de dólares ao mesmo tempo em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas (MBS, na sigla em inglês) ajudou a reduzir os custos de empréstimos de longo prazo para empresas e famílias e também a restaurar um mercado de crédito estilhaçado e promover uma recuperação econômica, embora tenha demorado anos.

Depois de três ondas de programas de compra entre 2008 e 2014, o Fed acumulou cerca de 4,25 trilhões de dólares em títulos, e o rendimento do Treasury de dez anos --referência para tudo nos mercados financeiros, desde empréstimos de automóveis a hipotecas residenciais-- caiu de mais de 4% para bem abaixo de 2%.

A pandemia de coronavírus que explodiu no início de 2020 causou pânico mundial nos mercados financeiros, e o Fed novamente respondeu com compras maciças de títulos, bem como cortes nas taxas de juros. O portfólio agora totaliza cerca de 8,3 trilhões de dólares, com cerca de 5,65 trilhões de dólares em títulos do Tesouro (cerca de um quarto de todo esse mercado) e 2,65 trilhões de dólares em MBS.

2) POR QUE AS AUTORIDADES QUEREM AGIR MAIS AGRESSIVAMENTE DESTA VEZ?

As autoridades do Fed dizem que a economia dos EUA hoje está muito mais forte do que nos períodos anteriores em que o banco central estava removendo a acomodação da política monetária. As autoridades querem ter certeza de que terão margem de manobra para responder à alta da inflação, que está bem acima de sua meta de 2%.

Elas também são incentivadas pelas melhorias no mercado de trabalho e estão convencidas de que estão se aproximando de sua meta de pleno emprego, de acordo com a ata da reunião do Fed de dezembro. Isso significaria que não há tanta necessidade de apoio do banco central.

Vários formuladores de política monetária também estão receosos de que o volumoso balanço do Fed e sua política de manter as taxas de juros em um nível ultrabaixo possam estar contribuindo para o aumento dos preços dos ativos.

O valor das casas disparou durante a pandemia, à medida que algumas famílias procuraram capitalizar as baixas taxas de hipotecas para se mudar dos densamente povoados centros das cidades. Com os mercados de ações atingindo recentemente níveis recordes, as autoridades também não querem ser vistas na posição de estarem alimentando indesejadas bolhas de ativos.

3) O QUE ACONTECEU QUANDO O FED REDUZIU SEU BALANÇO DA ÚLTIMA VEZ?

Quando o Fed parou de aumentar suas participações em títulos no fim de 2014, inicialmente evitou reduzir o tamanho de seu balanço patrimonial por anos, mesmo depois de ter começado a aumentar as taxas de juros no término de 2015. As autoridades consideraram a recuperação naquela época muito mais suave do que a atual retomada em relação à curta, mas profunda, recessão do início de 2020.

O banco central finalmente iniciou a redução do balanço em 2018, permitindo que um certo número de títulos vencesse a cada mês sem que o principal devolvido fosse reinvestido em novos títulos, em processo que ficou conhecido como aperto quantitativo (QT, na sigla em inglês).

Cerca de 650 bilhões de dólares em títulos deixaram a carteira do Fed em setembro de 2019, quando o banco central foi forçado a interromper abruptamente o QT depois de um surto de alta nas taxas de juros de curto prazo no mercado monetário, o que deixou claro que muito dinheiro havia sido drenado do sistema.

A ata da reunião do Fed ocorrida no mês passado mostrou que "muitas" autoridades do banco central julgaram que o ritmo apropriado de redução de seu balanço seria mais rápido desta vez.

4) O ÚLTIMO QT TERMINOU COM CONVULSÃO EM UM MERCADO IMPORTANTE. ISSO PODE ACONTECER DE NOVO?

Em 2019, o nível de reservas que os bancos mantinham com o Fed caiu muito. Essa escassez de dinheiro levou a um aumento nas taxas de empréstimos de curto prazo e exigiu que o banco central interviesse nos mercados monetários para mantê-los funcionando.

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14/11/2014
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Muitas empresas financeiras agora estão lidando com o problema oposto --dinheiro de mais. O Fed também possui uma nova ferramenta chamada "Standing Repo Facility", ou SRF, que pode ser um apoio para empresas que estão com pouco dinheiro, embora nunca tenha operado em um ambiente de aperto quantitativo.

A ata da reunião de política monetária ocorrida no mês passado mostrou que as autoridades do Fed permanecem incertas sobre até onde podem ir na drenagem das reservas e diz que as autoridades ficarão de olho nos mercados financeiros em busca de sinais de aperto de caixa à medida que reduzem a carteira de títulos.

Ainda assim, várias autoridades disseram que a SRF poderia amenizar a demanda por reservas, de acordo com a ata, potencialmente permitindo um balanço patrimonial menor do que seria administrável na ausência de tal ferramenta.

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