O Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) expressou preocupação sobre o futuro da inflação com as políticas imigratórias e comerciais do presidente eleito Donald Trump (Republicano), que tomará posse em 20 de janeiro.
Nas atas da reunião do FOMC (Comitê de Política Monetária) de 17 e 18 de dezembro divulgadas nesta 4ª feira (8.jan.2025), o conselho do banco avalia um cenário de incerteza com o aumento de tarifas comerciais e de deportações.
“Quase todos os participantes julgaram que os riscos de alta para a perspectiva de inflação aumentaram […] os participantes citaram leituras recentes mais fortes do que o esperado sobre a inflação e os prováveis efeitos de potenciais mudanças na política de comércio e imigração”, disse a minuta da reunião.
O Fed não especificou durante a reunião quais seriam os impactos específicos das políticas de Trump. O destaque foi para a incerteza que elas causam.
Apesar de não citar Trump diretamente, o comunicado do Fed destacou a dificuldade em avaliar como as possíveis mudanças do republicano podem afetar a economia norte-americana. Por causa desse cenário, o banco projetou um crescimento menor do PIB (Produto Interno Bruto) e um aumento no desemprego.
Sobre a perspectiva quanto a inflação, o conselho do banco esperava que a taxa continuasse a cair até 2%. Hoje, está em 2,7%. Entretanto, com as promessas do presidente eleito sobre imigração e taxação comercial, essa queda “pode demorar mais que o previsto anteriormente”, avaliou o Fed.
“Ao discutir as perspectivas para a política monetária, os participantes indicaram que o Comitê estava no ponto ou próximo dele em que seria apropriado desacelerar o ritmo de flexibilização da política”, disse o comunicado sobre uma diminuição no ritmo de corte na taxa básica de juros.
O cenário de incerteza quanto as mudanças não é unânime. Christopher Waller, um dos conselheiros do Fed, sugeriu um exagero nas análises sobre os impactos das políticas de Trump.
“Se, como espero, as tarifas não tiverem um efeito significativo ou persistente sobre a inflação, provavelmente não afetarão minha visão sobre a política monetária”, disse Waller, sem citar Trump diretamente, em um evento da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).