Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) registrou déficit primário de 25,303 bilhões de reais em setembro, rombo recorde para o mês, em meio à contínua frustração de receitas com a economia no vermelho.
Pior dado para setembro na série iniciada em 1997, o déficit veio um pouco pior que o saldo negativo em 23,78 bilhões de reais projetado por analistas em pesquisa Reuters.
Apesar do governo ter embolsado cerca de 800 milhões de reais com a regularização de ativos no exterior em setembro, a receita líquida total no mês seguiu em trajetória de queda, com declínio de 10,0 por cento, já descontada a inflação, a 80,752 bilhões de reais, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira.
A arrecadação com importantes impostos na base tributária continuou em contração, ao passo que a receita com dividendos e participações também sofreu uma queda expressiva, de 68,9 por cento (ou 444,1 milhões de reais) sobre setembro de 2015. Na outra ponta, as despesas avançaram 9,2 por cento sobre um ano antes, em termos reais, a 106,054 bilhões de reais.
O maior impacto no lado dos gastos foi o salto de 31,5 por cento nos benefícios previdenciários, devido à mudança na sistemática de pagamento da antecipação do 13º salário, que ocorreu neste ano em agosto e setembro, com maior impacto no último mês. Em 2015, o pagamento se deu em setembro e outubro, sendo mais forte em outubro.
No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o déficit primário do governo central foi a 96,633 bilhões de reais, também representando o pior resultado da série para o período. O governo tem como meta déficit primário de 170,5 bilhões de reais em 2016. Se confirmado, este será o terceiro rombo consecutivo e o maior já registrado pelo país.
Na véspera, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que os recursos da regularização de ativos no exterior vão garantir o cumprimento do alvo de déficit primário para este ano.
Mais cedo, a Receita informou que foram arrecadados 40,1 bilhões de reais até agora no âmbito do programa, cujo prazo de adesão será encerrado no dia 31 de outubro.