Ibovespa fecha perto da estabilidade, aos 138,7 mil pontos, com foco no Fed

Publicado 18.06.2025, 14:44
Atualizado 18.06.2025, 18:10
© Reuters.  Ibovespa fecha perto da estabilidade, aos 138,7 mil pontos, com foco no Fed

O Ibovespa chegou a firmar leve alta durante a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, e ensaiou retomar em fechamento a linha dos 139 mil pontos, então bem mais perto da máxima (139.160,55) do que da mínima (138.443,11) da sessão.

No encerramento, contudo, mostrava leve perda de 0,09%, aos 138.716,64 pontos, com giro a R$ 32,9 bilhões nesta quarta-feira, relativamente reforçado em dia de vencimento de opções sobre o índice. Na semana, o Ibovespa avança 1,10% e, no mês, sobe 1,23% - no ano, acumula ganho de 15,32%.

A reação na bolsa brasileira foi relativamente neutra à decisão de política monetária do Federal Reserve, em linha com o esperado (manutenção dos juros), e também ao comunicado e às declarações do presidente do BC dos EUA. No meio da tarde, o índice chegou a se inclinar de forma mais definida ao campo positivo, ainda que levemente, pela contenção de perdas em Petrobras (BVMF:PETR4) (ON -0,56%, PN -0,09%), com o Brent e o WTI passando a mostrar avanço, de 0,3%, no fechamento. Em Nova York, os principais índices de ações tiveram variação entre -0,10% (Dow Jones) e +0,13% (Nasdaq) no encerramento da sessão.

Na ponta ganhadora do Ibovespa, Embraer (BVMF:EMBR3) (+3,99%), Minerva (BVMF:BEEF3) (+2,93%) e BRF (BVMF:BRFS3) (+2,10%). No lado oposto, Raízen (BVMF:RAIZ4) (-4,32%), Vamos (-3,20%) e Cogna (BVMF:COGN3) (-3,03%). Entre os grandes bancos, as perdas desta quarta-feira ficaram entre 0,23% (Santander (BVMF:SANB11) Unit) e 0,77% (Bradesco (BVMF:BBDC4) PN) no fechamento. Principal ação do Ibovespa, Vale ON (BVMF:VALE3) caiu 0,33%, após ter chegado a ensaiar alta mais cedo.

A piora depois das 16 horas veio com a indicação, dada por Powell, de que a equipe do Fed ainda está atenta e cautelosa quanto a possíveis consequências da política tarifária adotada pelo governo americano. "Sabemos que os efeitos das tarifas virão, e estamos esperando para ver", disse o presidente do Fed.

"Tarifas foram o fator motivador das revisões para cima na inflação, e aumentos deste ano certamente pesarão na atividade econômica", aponta Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos. "O efeito total, no entanto, depende do nível em que estas tarifas serão estabelecidas", acrescenta. "Sentimento piorou por conta das preocupações com a política comercial, e a incerteza está atipicamente elevada", diz a economista.

Ainda assim, com a comunicação e a entrevista de Powell desta tarde, o mercado consolidou expectativas de que o Fed retomará cortes de juros a partir de setembro e reduzirá as taxas em 50 pontos-base neste ano, reporta a jornalista Laís Adriana, da Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Junto da decisão, o gráfico de pontos mostrou que a maior parte dos dirigentes prevê relaxamento em algum nível, com oito deles refletindo a mesma precificação do mercado.

"A atenção estava voltada também para as projeções, que mostraram uma piora nas estimativas de inflação nos Estados Unidos. Também houve uma revisão negativa na projeção de crescimento, que passou de 1,7% (em março) para 1,4% neste ano e de 1,8% para 1,6% no próximo. A taxa de desemprego teve leve mudança", diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. Ele acrescenta que, nas projeções para os juros, a estimativa para este ano continua a indicar dois cortes na taxa do Fed.

"A maioria dos dirigentes agora prevê apenas mais um corte em 2026, o que levaria a taxa para algo em torno de 3,75% ao ano. A mediana ficou em 3,6%, mas, de qualquer forma, estamos falando de apenas mais um corte no próximo ano", diz Cruz.

"O que poderia assustar o mercado seria uma combinação de estabilidade nas projeções de crescimento com uma inflação bem acima dos 3%, o que exigiria uma retomada no ciclo de alta de juros. Como os dirigentes ainda projetam dois cortes neste ano, apesar da divisão interna, o mercado financeiro não deve reagir com força agora. Pode até haver algum alívio, considerando que já são dois meses desde o início da guerra tarifária e, mesmo assim, os dirigentes permanecem confiantes", observa também o estrategista da RB Investimentos.

Para Cruz, apesar da leve alta nas projeções de inflação para 3%, a leitura é de que se trata de um movimento passageiro e não de uma mudança estrutural, o que ainda permite espaço para cortes de juros nos Estados Unidos.

Na avaliação de Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, o comunicado desta tarde do Federal Reserve reforçou que a atividade econômica segue em expansão, em ritmo sólido. "Apesar das oscilações recentes nos dados de exportações líquidas, a taxa de desemprego permanece baixa, com o mercado de trabalho também sólido - na entrevista, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que o país está próximo ou se encontra em pleno emprego. A inflação, por sua vez, segue um pouco elevada", acrescenta o economista.

"O movimento de alta do Ibovespa no ano tem sido preservado, com uma mudança generalizada de ânimo em relação a Brasil: diversos bancos estrangeiros têm revisado recomendações, para compra. Mercado local estava muito barato em relação aos fundamentos, isso já era sabido. E os investidores passaram a diversificar mais o portfólio, considerando também emergentes que tinham ficado para trás, como o Brasil", diz Felipe Moura, analista da Finacap. Ele destaca que o momento de incerteza - não apenas em relação a tarifas americanas como também, agora, a acentuação da tensão geopolítica no Oriente Médio - favorece o prosseguimento desta diversificação.

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