Investing.com – Com investidores na expectativa de mais dados para balizar suas expectativas para o início do ciclo de cortes na taxa de juros americana, as atenções estão voltadas ao Índice de Preço ao Consumidor (IPC) desta quinta, ainda que este não seja o indicador preferido do Federal Reserve, mas o PCE.
A expectativa consensual é de que o IPC tenha registrado uma elevação de 0,1% em junho, após estabilidade em maio. Desta forma, o indicador em doze meses cairia de 3,3% para 3,1%. Para o núcleo, que exclui preços voláteis como alimentos e energia, a perspectiva é de que a alta siga em 0,2% na base mensal, assim como 3,4% em doze meses.
O Bank of America (NYSE:BAC) (BofA) entende que o relatório do IPC de junho deve “aumentar a confiança do Fed de que a inflação está indo na direção certa”. Conforme relatório divulgado a clientes e ao mercado, a estimativa do banco é de que os cortes iniciem em dezembro. No entanto, o BofA pondera sobre riscos para que o ciclo inicie mais cedo. Destrinchando o dado, os economistas Stephen Juneau e Michael Gapen entendem que os serviços não relacionados com habitação não deverão apresentar queda novamente.
“Para junho, no entanto, esperamos que o seguro de veículos automotores e os serviços não habitacionais, por sua vez, aumentem. A inflação dos serviços não habitacionais deve moderar ao longo do tempo, dada a inflação salarial dos serviços em arrefecimento; no entanto, um período sustentado de deflação é improvável”, completa o BofA em sua nota, mencionando ainda perspectiva de recuo de bens essenciais pelo quarto mês seguido, com baixa em preços de veículos novos.
Em seu depoimento nesta semana no Congresso dos EUA, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell afirmou que os dados do mercado de trabalho estão mais próximos do patamar pré-pandemia e que é preciso estar atento ao momento adequado para revisar a política monetária. "Reduzir a restrição da política muito tarde ou muito pouco poderia enfraquecer indevidamente a atividade econômica e o emprego”, alertou o chairman do Fed.
Powell ainda disse que ainda são necessários mais dados para justificar uma queda na taxa de juros, lembra Fernando Bresciani, analista do Andbank. “Foi mais do mesmo, indicando que a reunião do Fed agora de julho será de manutenção no mesmo patamar. O mercado espera a queda a partir de setembro, estando dividido entre os que esperam em setembro, enquanto outras casas esperam só em 2025. Agora, tudo vai depender da inflação”, reforça Bresciani, que lembra que a inflação começou com uma desaceleração mais rápida no ano passado, e agora o processo é mais lento.
Nesta quarta, 10, 95,9% dos investidores acreditam em uma manutenção das fed funds na decisão de 31 de julho, segundo o Monitor da Taxa de Juros do Fed, do Investing.com. Em setembro, 73,9% enxergam uma diminuição de 0,25 ponto percentual, enquanto 23% estimam manutenção na faixa atual entre 5,25% e 5,5%. Para novembro 34,1% veem os juros na faixa entre 4,75% e 5%, enquanto 51,6% projetam entre 5% e 5,25%.
Dados mais recentes do mercado de trabalho demonstram mostraram um equilíbrio maior entre oferta e demanda de mão de obra nos Estados Unidos, o que tende a influenciar nas decisões dos membros do Federal Open Market Committee (FOMC).
Com tendência menos robusta no mercado de trabalho, os investidores olharão de perto se as pressões de preços perdem fôlego e se o indicador pode vir inferior ao previsto. “Número abaixo do consenso vai reforçar o otimismo do mercado com o início do corte de juros pelo Fed a partir de setembro”, conclui Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com.
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